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Inflação de 0,93% em março traz mais perdas à renda fixa

Custo de vida em alta significa que a rentabilidade líquida, aquela descontadas taxas e a inflação, será menor

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Embora tenha ficado pouco abaixo das expectativas do mercado financeiro, a inflação oficial de março veio novamente salgada. Com perdas tanto para o consumidor quanto para o investidor de renda fixa.

Dados divulgados pelo IBGE na manhã desta sexta-feira, 9, apontaram que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) cravou alta de 0,93% no mês que passou, ligeiramente abaixo de estimativas entre 1,00% e 1,10% de analistas e economistas do mercado.

Inflação em alta corrói poder aquisitivo da população e gera rendimento negativo nas aplicações

Contribuiu para um índice menor do que o previsto, de acordo com a economista da XP, Tatiana Nogueira, a elevação dos preços da gasolina abaixo do esperado. “Provavelmente um resultado de restrições de mobilidade que afetam a demanda e cuidados pessoais”, avalia. Pressão mais forte veio do avanço dos serviços, estimulados pela alimentação fora de casa, item que teve aumento maior que o projetado pela equipe da XP.

A inflação acumulada em 12 meses, até março, chegou a 6,1%. Essa variação anual está bastante acima de 3,75%, centro da meta inflacionária que o Banco Central mira ao calibrar a Selic. E a trajetória de elevação dos preços parece não dar sinais de trégua, de acordo com a equipe da XP, que aponta pressões de alta derivadas da desvalorização cambial (valorização do dólar perante o real) e da interrupção da cadeia produtiva.

Gargalos na produção por falta de matérias-primas para a manufatura estão levando à falta ou escassez de oferta de alguns produtos, o que leva à alta de preços e também pressiona a inflação.

A inflação mais elevada, que pune o consumidor, continua prejudicando também o investidor mais conservador, cativo da renda fixa, que vem amargando perdas desde o ano passado. Prejuízos que se aprofundaram este ano, quando se esperava uma trégua e acomodação da inflação em patamares mais baixos. Não é o que vem correndo.

Em vez disso, aumenta o pessimismo em relação à inflação, que, para alguns analistas, pode permanecer alta e conviver com uma economia estagnada. Um fenômeno que os economistas conhecem como estagflação. Algo altamente indesejável para um país que já sofre com a pandemia, tem parcela expressiva da população desempregada ou com rendimento reduzido, que vê o poder de compra ficar menor a cada mês.

Aplicações no vermelho em março

Quem insiste em renda fixa – e parte do dinheiro, como o da reserva emergencial, precisa ficar mesmo em segmento mais conservador – continua amargando pesados prejuízos.

A questão é que não existe outra opção para onde correr com esse dinheiro, que precisa ter liquidez (disponibilidade de saque a qualquer momento) e ao mesmo tempo blindado das oscilações e perdas. A parcela mais livre dos recursos, disponível por mais tempo, essa sim pode tentar uma rentabilidade mais atraente, na renda variável, como a bolsa de valores, sugerem especialistas.

Última modificação em 26/07/2022 16:22

Regina Pitoscia

Foi colaboradora das revistas Exame, Cláudia e Nova. Formada em jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP, cursou Extensão Universitária em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) São Paulo e na Faculdade de Economia e Administração da USP, Extensão Universitária em Mercado de Capitais e Finanças Pessoais no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Máster em Varejo pela FIA-USP. Recebeu Prêmio Esso de Jornalismo/Economia, de 1989, com reportagem “Seu Fundo de Garantia pelo Ralo”. Atuou como editora dos Cadernos de Finanças Pessoais: “Seu Dinheiro” no Jornal da Tarde, “Suas Contas” e “Fundos & Cia” no Estadão.

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