Política

Bolsonaro faz reunião com ministros e deixa Mourão de fora

O relacionamento entre Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, dá indícios que o general não estará na chapa eleitoral de 2022. Segundo informações do O Globo, Bolsonaro evita a presença de Mourão.

A relação entre Jair Bolsonaro (sem partido), e seu vice, Hamilton Mourão, parece estar abalada. Segundo informações do jornal O Globo, o presidente da República se reuniu com ministros e apoiadores em um encontro fora da agência oficial na manhã desta terça-feira, 9 de fevereiro. A reunião não contou com a presença de Mourão.

Ainda de acordo com a publicação, a estratégia de Bolsonaro tem sido evitar a presença de Mourão e reuniões do Conselho de Governo, das quais o vice-presidente costuma participar. A atitude recorrente do presidente revela uma suposta crise na relação dele com o general, segundo especulações.

'Vai botar quem?'

Na segunda, 8 de fevereiro,  Bolsonaro questionou sobre a possibilidade de sofrer impeachment. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o presidente disse:  “Vai resolver o quê? Quer me tirar e quer botar quem no lugar? Quer botar quem no lugar?”, sem citar o nome de Mourão, o próximo na linha de sucessão presidencial.

Bolsonaro também concedeu uma entrevista à Band, e disse trocou sorrisos com o general e o comparou a uma "sogra". Em contrapartida, nesta terça (09/02), Mourão confirmou que "não foi convidado e chamado para a reunião", e disse "acreditar que o presidente julgou que ser desnecessária sua presença". A informação é do O Globo.

Assessor de Mourão x Bolsonaro

No fim de janeiro, o vice-presidente Hamilton Mourão pediu a exoneração do seu assessor, Ricardo Roesch, após uma troca de mensagens comprometedoras serem vazadas pelo site O Antagonista. Na conversa, o ex-assessor do general falava sobre um suposto impeachment de Bolsonaro, já que "o capitão estava errando" na condução da pandemia do novo coronavírus no país. O parlamentar que participou do bate-papo não teve sua identidade revelada.

A exoneração de Roesch foi publicada no Diário Oficial da União, e Mourão lamentou a situação durante uma entrevista no Palácio do Planalto. O vice de Bolsonaro julgou a situação como "lamentável" e reiterou que não concorda com a ideia de impeachment. "Foi uma situação lamentável. Número um, primeiro lugar, porque eu não concordo com processo de impeachment, não apoio isso aí, acabou” disse.

(foto: reprodução instagram @vprhamiltonmourao)

Mourão sente falta de diálogo

Na mesma época da exoneração de seu assessor, Hamilton Mourão comentou em uma entrevista à CNN Brasil, que faltava diálogo com o presidente Jair Bolsonaro. "Não há conversas seguidas entre nós. As conversas são bem esporádicas (...) Faz falta, sim. Faz falta até para eu entender em determinados momentos o que eu preciso fazer", afirmou o vice.

Mourão também disse considerar "difícil" ser a opção de vice na chapa eleitoral de 2022, a qual Bolsonaro pretende concorrer em busca do seu segundo mandato. No entanto, o general não descartou a possibilidade: “Depende. Teríamos de ter uma conversa. Não sou candidato a nada”, completou.

Indireta de Bolsonaro a Mourão: 'palpiteiro'

(foto: marcelo camargo/agência brasil)

Após Hamilton Mourão levantar a possibilidade da troca do comando de ministério do governo federal, Bolsonaro mandou uma indireta para o seu vice e negou a informação propagada por Mourão. A declaração foi dada pelo próprio presidente em seu canal no Youtube.

“O que nós menos precisamos é de palpiteiro no tocante a formação do meu ministério. E deixo bem claro: todos os 23 ministros eu que escolho e ponto final. Se alguém quiser escolher ministro, se candidate em 2022“, disse Bolsonaro, que sem citar Mourão deu a entender que vice havia sido "palpiteiro".

Covid-19 e vacina

O governo de Jair Bolsonaro tem sido alvo de críticas em relação a sua atuação contra a pandemia da Covid-19, especialmente após a crise da falta de oxigênio em Manaus, que afetou negativamente a imagem do governo e gerou muita revolta entre a população brasileira.  Na mesma época, Hamilton Mourão defendeu Bolsonaro à imprensa e disse que o “governo estava fazendo além do que podia dentro dos meios que dispõe”, sobre a crise hospitalar no Amazonas.

O vice também já afirmou que a disputa entre João Doria e Bolsonaro "foge à boa política", e que não concorda com a troca de ataques dos dois governantes. “Tanto do nosso lado aqui do governo, como do Doria. Aí começa um chama de mentiroso, o outro chama de não sei o quê. Isso não é a política”, disse à CNN.

Mas diferente de Bolsonaro, Mourão é a favor da vacinação contra a Covid, inclusive, a vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, já criticada pelo presidente. O general acredita também que a vacina é para todos, e a imunização contra a doença é uma "questão coletiva", diferente de Bolsonaro, que é a favor da não obrigatoriedade da vacina.

“Eu acho que a vacina é para o país como um todo, é uma questão coletiva, não individual. O indivíduo aqui está subordinado ao coletivo, neste caso”- Hamilton Mourão

Última modificação em 27/07/2022 12:16

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