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Jeffrey Epstein: quem foi o polêmico magnata acusado de exploração sexual

Jeffrey Epstein foi um dos nomes mais falados pela imprensa americana desde o ano passado. Grande parte dessa repercussão se deu pela gravidade dos crimes que cometeu e suas ligações com o presidente americano Donald Trump. 

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Jeffrey Epstein foi um dos nomes mais falados pela imprensa americana desde o ano passado. Grande parte dessa repercussão se deu pela gravidade dos crimes que cometeu e suas ligações com o presidente americano Donald Trump. 

Uma minissérie do Netflix ajudou a trazer o falatório sobre o milionário criminoso ao Brasil. Caso você ainda não saiba quem foi Epstein, o DCI separou seis pontos chave para entender as polêmicas sobre essa tenebrosa figura da cultura americana. 

Quem é Jeffrey Epstein?

Jeffrey Epstein era um respeitado e influente especialista em finanças. Em 1988, fundou a empresa J. Epstein & Company, responsável pelo gerenciamento do dinheiro de clientes com patrimônio líquido acima de US$1 bilhão. Seu trabalho lhe rendeu uma fortuna - estimada em cerca de US$ 577 milhões na data de sua morte.

Por que Jeffrey Epstein foi preso?

Em 2005, Epstein começou a ser investigado após o pai de uma menina de 14 anos procurar a polícia e acusá-lo de ter abusado de sua filha. A acusação rendeu uma série de investigações que ligaram o financista a dezenas de casos de estupro de menores de idade. Na época, o empresário foi processado criminalmente, mas utilizou de sua influência (e dinheiro) para livrar-se da maioria das acusações.

Como se declarou culpado em "só" um dos casos de prostituição de menores, Epstein serviu apenas 13 meses de prisão e pôde “continuar” sua vida livre, mas com a identificação de criminoso sexual "nível três" (alto risco de reincidência). No entanto, sua tranquilidade começou a mudar em em novembro de 2018, quando a repórter Julie Brown (Miami Herald) publicou uma série de reportagens que afirmando ter identificado cerca de  80 vítimas dos abusos de Epstein. 

Esquema de tráfico sexual

A matéria de Brown reacendeu as investigações contra Jeffrey Epstein e foi descoberto que o financista atuava como líder em um esquema de tráfico sexual de menores. Segundo o jornal The New York Times, “um círculo de namoradas, empregadas e outros pessoas associadas à Epstein” o ajudou a cooptar menores para seus atos criminosos. Suas vítimas eram trazidas de diferentes estados e até outros países - especula-se que até garotas brasileiras foram levadas ao abusador. 

Em 6 de julho de 2019, o financista foi preso e sua casa em Manhattan foi vasculhada pelo FBI - um cofre foi encontrado com dinheiro, passaportes falsos e milhares de fotos que mostram jovens nuas. Se a investigação e o processo judicial tivessem sido concluídos, Epstein poderia ter pego até 45 anos de prisão. Mas a justiça foi interrompida com a morte do abusador na prisão.

Morte misteriosa

A investigação contra Jeffrey Epstein sofreu com uma gigante reviravolta em 10 de agosto de 2019, data em que o abusador foi encontrado morto dentro de sua cela no Centro Correcional Metropolitano de Nova Iorque. No laudo oficial feito pelo estado de Nova Iorque, ficou determinado que a morte de Epstein foi um suicídio por enforcamento. Contudo, esse dado é amplamente contestado - um dos legistas que acompanhou a autópsia afirma que as evidências apontam a um assassinato. A ligação do investigado com personalidades famosas da política mundial  também impulsiona as teorias da conspiração acerca da morte de Epstein. 

Ligações com poderosos

O financista jeffrey epstein e donald trump eram amigos próximos. Fonte: nbc

Provavelmente por conta de seu trabalho e status social, Jeffrey Epstein era amigo de muitas pessoas influentes. Diversos jornais americanos e internacionais conseguiram ligar o financista à festas com personalidades como Harvey Weinstein (figura central dos abusos sexuais em Hollywood), Príncipe Andrew (membro da família real britânica) e até Donald Trump (sugere-se que ambos se tornaram amigos ainda na década de 80). 

Em uma entrevista de 2002, Trump confirmou seus fortes laços com Epstein ao afirmar que “ele é muito divertido de estar junto. Até dizem que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens”. Essa estranha frase tomou maior peso em 2016, quando uma vítima acusou Donald Trump e Jeffrey Epstein de terem a abusado em 1994. A investigação desse caso foi arquivada no mesmo ano, mas com a segunda prisão de Jeffrey em 2018, a ligação entre os dois homens voltou a ser amplamente questionada nos Estados Unidos.

O que aconteceu com Ghislaine Maxwell?

Ajudante de epstein, ghislaine maxwell posa com o ator kevin spacey em tronos do palácio de buckingham fonte: the telegraph

Apesar da estranha morte de Epstein, as investigações sobre sua rede de pedofilia continuam e uma de suas parceiras foi presa em 2020. Ghislaine Maxwell namorou com Epstein e era uma das pessoas que o auxiliava a conseguir novas vítimas na década de 90. Segundo a peça acusatória produzida pelo FBI, o papel de Maxwell era o de "normalizar o abuso a uma vítima menor de idade".

Posteriormente, foi divulgada uma curiosa foto (logo acima) da ajudante de Jeffrey Epstein com o ator Kevin Spacey (outro famoso acusado de abusar menores) em dois tronos do Palácio de Buckingham. A publicação da imagem fortaleceu a preocupante ligação entre a família real britânica e a rede de pedofilia criada por Epstein - vale lembrar que o Príncipe Andrew, filho da Rainha Elizabeth II, era um dos frequentadores das festas do financista morto.

No entanto, Ghislaine Maxwell declarou-se inocente das acusações feitas pelo FBI. Como resultado, ela ficará presa até o seu julgamento, marcado para acontecer apenas em julho de 2021.

Série na Netflix: Jeffrey Epstein poder e perversão

A série documental apresentada pela Netflix investiga como o predador sexual Jeffrey Epstein usou dinheiro e poder para cometer seus crimes. Veja o trailer:

Última modificação em 29/07/2022 11:36

Erich Mafra

Atua como jornalista desde 2017. Passou pela redação da Revista Veja, onde cobriu as editorias de Cultura, Política e Consumo.

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