O 45º presidente dos Estados Unidos deixa o cargo nesta quarta-feira (20) com alguns processos para serem respondidos em 2021. Confira qual será o futuro de Donald Trump
O presidente Donald Trump deixou a Casa Branca na manhã desta quarta-feira (20) rumo ao seu resort Mar-a-Lago, na Flórida, horas antes da posse de Joe Biden. Trump se recusou a participar da cerimônia de posse, como é tradicional na transição de poder de presidentes dos Estados Unidos. Com o fim do mandato, depois de sofrer dois impeachments pelo Congresso, qual será o futuro de Donald Trump?
O futuro de Donald Trump ainda é incerto. A possibilidade dele disputar a presidência dos EUA em 2024 não é nula, porém, não é a maior aposta dos especialistas. O futuro mais provável para o republicano é nos tribunais, onde ele terá de se defender de muitas acusações, várias delas com relação a ocorrências antes mesmo de se tornar presidente.
Danya Perry, ex-promotora estadual e federal em Nova York à NPR, agência pública de notícias dos EUA, afirmou que “é muito claro que o presidente se aproveitou da imunidade quando estava no cargo. Agora, é possível que ele se torne réu já no dia 21 de janeiro”.
A expectativa é que Donald Trump seja réu em processos judiciais em dez acusações diferentes. As queixas vão desde questões familiares, problemas tributários, incitação à tomada do Congresso dos EUA, o Capitólio e também acusações de abuso sexual. Tais ações podem ser mais danosas para Trump do que o segundo caso de impeachment, questão a ser avaliada pelo Senado.
Trump possui cerca de US$ 900 milhões em empréstimos com vencimento entre o início de 2021 e o final de 2024. Segundo a Forbes, ele terá que pagar os empréstimos de seu hotel em Washington, DC, seu resort de golfe em Miami e sua torre em Chicago. O presidente ainda terá que quitar a dívida com a Trump Tower e o Trump Plaza na cidade de Nova York. A pandemia está dando muito prejuízo aos hotéis do empresário, um dos setores mais afetados pela covid-19.
O Deutsche Bank, o principal banco a quem Trump deve dinheiro, já disse que não negocia mais com o republicano depois que ele incitou grupos de extrema-direita a invadirem o Capitólio. Há investigações contra ele de vários gêneros, sendo a mais grave delas a de sonegação fiscal, conduzida por procuradores de Nova York.
A evolução do segundo processo de impeachment é cercada de incertezas. Mas, o que se sabe, é que se ele sofrer tal condenação, será impedido de disputar a presidência em 2024. Na Câmara, 10 republicanos votaram com os democratas para a remoção de Trump. No Senado, que está dividido, esse número é uma incógnita. Uma pesquisa da rede de TV ABC/Ipsos aponta que 56% dos americanos acham que Trump deveria sofrer impeachment; 43% defendem que não.
Joe Biden já declarou que vai “olhar para a frente'', ou seja, não vai se empenhar em processos contra Trump. Há, porém, setores de esquerda que defendem uma punição mais severa a Trump, pela maneira como ele colocou em xeque as instituições democráticas dos Estados Unidos.
Em seus quatro anos de poder, Donald Trump revolucionou o uso das mídias sociais na política. Além de opiniões extremamente polêmicas, as postagens podiam ser o anúncio de uma medida oficial do governo. Após deixar o cargo hoje, no entanto, ele não terá mais seu Twitter, Facebook ou YouTube para falar com seus milhões de seguidores. Isso porque o presidente foi banido destes sites após uma quantidade exorbitante de mentiras e fake news postadas em suas contas.
Se trata da investigação sobre uma possível interferência russa na eleição de 2016. O promotor especial Robert Mueller não encontrou provas de que Trump conspirou com a Rússia, mas alegou que ele cometeu obstrução de Justiça ao interferir nos depoimentos de seus colaboradores. A investigação poderia ser retomada pelo Departamento de Justiça.
Em setembro do ano passado, o jornal New York Times revelou que Trump pagou só US$ 750 em Imposto de Renda em 2016 e nada em 10 dos 15 anos anteriores. Para abater o IR, ele declarou US$ 70 mil em gastos com cabeleireiro e serviços de consultoria pagos à filha Ivanka. Há outra investigação em curso na Receita em que ele é acusado de receber indevidamente uma restituição de US$ 72,9 milhões.
“Nenhum ex-presidente dos EUA foi para trás das grades. O caso Trump pode ser diferente, no entanto, dados o número e a gravidade de seus supostos crimes ao longo de muitos anos”, afirmou Michael Shifter, presidente do Inter-American Dialogue, um centro de estudos em Washington.
Erick Langer, professor de História e Ciências Políticas da Universidade Georgetown, em Washington, não aposta em Trump preso, mesmo lembrando que o que ele fez foi algo sem precedentes, que pode gerar reações inéditas: “os processos onde há mais provas, com maiores possibilidades de condenação de Trump, são em questões tributárias e empresariais, que em geral se resolvem financeiramente. Acho mais provável Trump falir que ser preso”, disse Langer.
Última modificação em 27/07/2022 16:02
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