Finanças

Crédito imobiliário fica mais caro quando atrelado ao IPCA

Taxas de juro cobradas nas linhas vinculadas ao Índice de Preços ao Consumidor variam de 2,59% ao ano a 4,95% ao ano

Escrito por

A aceleração da inflação trouxe à tona os riscos, ao encarecer os custos, de quem contratou uma linha de crédito imobiliário atrelado à inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Criada pela Caixa Econômica Federal em agosto de 2019, quando a inflação rodava a 0,24% ao mês, e o acumulado no ano ficou em 4,31%, parecia vantagem embarcar na novidade anunciada pela Caixa.

Contratos vinculados ao IPCA foram oferecidos pela Caixa e Banco do Brasil

Afinal, as taxas de juro nessa linha de crédito imobiliário variam de 2,95% a 4,95% ao ano, de acordo com o grau de relacionamento do interessado com o banco. O IPCA, a régua da inflação oficial, corrige o saldo devedor.

Nessas condições, de inflação e taxas de juro baixas, a opção de crédito imobiliário indexado ao IPCA abocanhou uma fatia das várias linhas existentes no mercado. O Banco do Brasil seguiu a iniciativa da Caixa e também passou a oferecer essa modalidade de financiamento, embora restrita ao segmento de tomadores de alta renda.

De acordo com a Caixa, os contratos de empréstimo imobiliário atrelados ao IPCA corresponderam a 17,55% dos créditos concedidos no último trimestre de 2020 – 13 mil contratos e volume total de R$ 3,3 bilhões.

A aceleração da inflação desde o segundo semestre de 2020, contudo, começa a pesar no bolso de quem está amarrado a esse tipo de contrato. Para alguns especialistas, a volatilidade maior dessa linha, sujeita ao vaivém do IPCA, torna desvantajosa essa modalidade em comparação a outras modalidades atreladas à TR e à caderneta.

As contas da Caixa na formatação da linha de financiamento atrelada ao IPCA tomaram por base projeções otimistas de inflação, de 3,50% ao ano até 2030. A projeção mais recente do boletim Focus, feita pelo mercado financeiro, prevê uma inflação pelo IPCA de 4,85% neste ano e de 3,53% em 2022. Nada garante, ainda, que a inflação se mantenha em torno desses níveis no horizonte de anos à frente.

Mutuário tem de se prevenir contra riscos no crédito imobiliário

O risco de que uma aceleração inflacionária provoque desarranjo financeiro no contrato não pode ser descartado pelo mutuário, sobretudo por causa da longa duração do tempo de pagamento. A escalada do IPCA nos últimos meses é suficiente para que o mutuário fique alerta.

Especialistas sugerem algumas estratégias de proteção que poderiam assegurar cobertura financeira ao mutuário diante de imprevistos como um impacto negativo de eventual aceleração da inflação sobre o saldo devedor do financiamento.  Uma delas consiste na formação de uma reserva financeira a partir da economia obtida com a diferença entre o valor da prestação inicial mais baixa no crédito indexado ao IPCA e o que seria despendido em financiamento atrelado à TR.

Os recursos guardados e investidos poderiam ser, então, usados para a amortização periódica do saldo devedor do crédito imobiliário, com redução do valor da prestação, ou mantidos como reserva para momentos emergenciais.

 

Última modificação em 26/07/2022 14:03

Regina Pitoscia

Foi colaboradora das revistas Exame, Cláudia e Nova. Formada em jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP, cursou Extensão Universitária em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) São Paulo e na Faculdade de Economia e Administração da USP, Extensão Universitária em Mercado de Capitais e Finanças Pessoais no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Máster em Varejo pela FIA-USP. Recebeu Prêmio Esso de Jornalismo/Economia, de 1989, com reportagem “Seu Fundo de Garantia pelo Ralo”. Atuou como editora dos Cadernos de Finanças Pessoais: “Seu Dinheiro” no Jornal da Tarde, “Suas Contas” e “Fundos & Cia” no Estadão.

Compartilhe
Escrito por