Finanças

Crédito imobiliário mantém juros anteriores à alta da Selic

Bancos ainda não reajustaram o custo do financiamento habitacional; especialistas falam em bom momento para compra

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Os bancos que concedem crédito imobiliário ainda mantêm os financiamentos sob as mesmas condições de antes da alta da taxa básica de juros, a Selic, Desde março, os juros subiram de 2,00% ao ano para 3,50% ao ano. E podem ir a 4,25% anuais em junho, na próxima reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) , considerando os sinais dados pelo Banco Central de que uma nova alta, de 0,75 ponto porcentual, deverá vir em junho.

Especialistas do mercado dizem que um novo aumento da Selic pode levar os agentes financeiros a mudar de ideia e repassar a alta aos novos financiamentos imobiliários.  O grande vilão de um financiamento habitacional é a taxa de juros. Em nível elevado, ela pesa diretamente no valor da parcela e no que se paga ao término do contrato. E a taxa de referência que provoca esses movimentos nas prestações e na dívida é a Selic.

Os efeitos de uma nova alta da Selic recai sobre todo setor econômico. O presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, entende, no entanto, que o setor de crédito imobiliário será menos afetado que os demais por esses aumentos na Selic. “Como exemplo, citamos os empréstimos pessoais, os financiamentos de veículo, crédito rotativo do cartão de crédito e cheque especial. No financiamento habitacional, o reflexo do aumento da taxa de juros não será imediato, em especial na Caixa Econômica Federal, e também não afetará os contratos em curso.”

Juros podem subir, mas não de imediato, diz especialista

Os contratos em andamento não podem ter as condições alteradas por causa de alta da Selic. O agente financeiro não pode, por livre vontade, mudar a taxa de juros contratada pelo mutuário. “Por outro lado, o aumento das taxas para cada instituição financeira para novos contratos poderá, sim, ter um acréscimo, pois o aumento da Selic atinge justamente a fonte de concessão do financiamento, tornando essa busca por recurso mais cara. Por consequência, a instituição financeira não abarcará esse prejuízo e repassará para o mutuário mediante aumento da taxa de financiamento habitacional.”

Mesmo com o aumento de 1,50 ponto na Selic até agora, o presidente da ABMH não espera por um impacto imediato nas taxas de financiamento habitacional, já que, por se tratar de contratos de longo prazo, o lucro obtido pela instituição financeira ainda suporta o aumento imediato da Selic. “Porém, um cenário de mais aumentos poderá impactar em novas taxas, por isso quem tem interesse em financiar um imóvel é interessante buscar já o financiamento antes que ocorram novos aumentos dos juros.”

Última modificação em 25/07/2022 22:08

Regina Pitoscia

Foi colaboradora das revistas Exame, Cláudia e Nova. Formada em jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP, cursou Extensão Universitária em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) São Paulo e na Faculdade de Economia e Administração da USP, Extensão Universitária em Mercado de Capitais e Finanças Pessoais no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Máster em Varejo pela FIA-USP. Recebeu Prêmio Esso de Jornalismo/Economia, de 1989, com reportagem “Seu Fundo de Garantia pelo Ralo”. Atuou como editora dos Cadernos de Finanças Pessoais: “Seu Dinheiro” no Jornal da Tarde, “Suas Contas” e “Fundos & Cia” no Estadão.

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