Ensinar o valor do dinheiro e tomar cuidado com as próprias atitudes relacionadas às finanças são pontos importantes para adultos ensinarem às crianças, que aprendem principalmente com o exemplo.
Ensinar educação financeira para crianças é uma das melhores ferramentas para criar adultos mais conscientes com relação ao dinheiro. Mas como começar? Antes de mais nada, lembre-se que o exemplo vale mais que qualquer teoria, portanto, as lições precisam ser aplicadas principalmente na prática para surtirem efeito.
Adultos que costumam comprar por impulso ou endividar-se habitualmente acabam repassando exemplos nada saudáveis aos pequenos, assim como os que costumam falar mal de dinheiro o tempo todo.
“Todos nós passamos por uma socialização econômica em nossa infância. Isso normalmente acontece com os pais. Aprendemos com base em atitudes e comportamentos e acabamos desenvolvendo scripts financeiros e comportamentais. Podemos aprender de qualquer forma, até quando o pai e a mãe estão discutindo sobre dinheiro”, explica Thiago Godoy, head de educação financeira da XPeed.
A planejadora financeira Annalisa Dal Zotto, sócia da Par Mais, também acredita que cabe aos pais um papel fundamental nesse aspecto da formação das crianças. “Quanto mais cedo se começa a explicar para elas o valor do dinheiro, melhor”, destaca.
Antes de mais nada, Annalisa considera que o grande desafio ao se ensinar educação financeira para crianças é mostrar que o dinheiro é um recurso limitado. Da mesma forma, é preciso saber diferenciar o que são necessidades e o que são desejos. “As crianças precisam desenvolver musculatura emocional para que possam tomar as melhores decisões financeiras quando adultos, não reagindo por impulso frente a tantas tentações”, diz.
Primeiramente, a especialista acredita que uma forma de começar a ensinar o valor do dinheiro é através da mesada, que poderia começar a ser dada por volta dos 7 ou 8 anos. Nesta idade, a criança já sabe as operações matemáticas básicas para saber fazer contas e lidar com o troco.
Para Annalisa, a mesada é saudável quando cumpre três finalidades: mostrar que o dinheiro é um recurso limitado, transmitir princípios e praticar a autonomia.
Thiago, da XPeed, sugere que é melhor começar a dar semanada no lugar de mesada. Além disso, ele acredita que é importante que a educação financeira seja desenvolvida na escola e em casa. “Os hábitos que se formam na infância se tornarão mais fortes ao longo da vida. Atualmente o acesso a informação é mais precoce, temos cursos, internet, celular. E já temos estudos que mostram que vale a pena ensinar educação financeira na base para colher os frutos depois”, avalia.
Do mesmo modo, ele lembra que o jovem leva para casa o que aprendeu na escola também. “Não temos uma cultura financeira, somos estimulados a ganhar mais somente. Vemos varias pessoas com renda alta que se endividam, que não sabem pensar no longo prazo e nem diferenciar necessidade de desejo. É importante considerar que nestes casos, quando a criança aprende fora de casa, ela também ensina”.
Outro importante que deve ser analisado por todo adulto que quer ensinar educação financeira para crianças é a forma como este adulto encara o dinheiro e repassa crenças relacionadas a ele. Ensinar que o dinheiro é coisa de gente ruim ou que para ter dinheiro é preciso nascer com dinheiro são algumas das muitas crenças limitantes que existem e precisam ser trabalhadas.
Thiago alerta que é preciso atenção para desenvolver crenças positivas sobre o dinheiro dentro de casa. “A criança tem que enxergar o dinheiro como algo bom. Se ela vê pessoas brigando o tempo todo por causa dele, pode associá-lo a algo negativo e desenvolver crenças limitantes com relação a ele que a acompanharão no futuro”.
Finalmente, também é importante ensinar que é possível conquistar alguns objetivos com paciência. Estes objetivos podem envolver certa privação agora, como a criança ter que guardar parte do que está ganhando dos pais para juntar e comprar o brinquedo que quer em algumas semanas.
“Você espera agora para receber mais depois. Essa é a grande e importante questão. Estamos sempre adiantando o prazer e adiando a dor”, lembra Thiago.
E se a criança errar ao usar o dinheiro? Não tem problema. Muitas vezes a lição vem exatamente do erro. “Neste caso, vale deixar errar e ensinar o que poderia ser feito diferente, como pensar melhor antes de gastar e começar a pensar em objetivos para uso do dinheiro. Melhor cometer um erro e passar por um aperto financeiro com a mesada de pequeno do que ficar no negativo quando adulto”, diz Annalisa.
Última modificação em 29/07/2022 10:56
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