A forte entrada de moeda estrangeira no Brasil para legalização está pressionando a cotação do dólar e do ouro para baixo.
São Paulo - As duas principais corretoras de ouro no Brasil - Reserva Metais e Ourominas - apontam uma janela de oportunidade para a compra do metal como investimento logo após o término do programa de repatriação de recursos do exterior da Receita Federal. O motivo é simples, a forte entrada de moeda estrangeira no Brasil para legalização está pressionando a cotação do dólar e do ouro (em reais) para baixo. "Dependendo do volume de entrada nos próximos dias, o dólar pode cair para a faixa de R$ 3", aponta o trader (negociador) de ouro da corretora Reserva Metais, Edson Magalhães. Em argumento semelhante, o gerente de operações de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, disse que o Banco Central (BC) não consegue segurar o preço do dólar no patamar de R$ 3,20 nesse final de mês. "O BC deixou de rolar os swaps cambiais que vencem em 1º de novembro. A cotação do dólar está testando o patamar de R$ 3,10", mencionou.
Ontem, de fato, o dólar no mercado à vista fechou em baixa de 0,455%, a R$ 3,1065 no balcão, ao passo que a cotação do ouro em reais ficou estável em R$ 126 o grama, na BM&FBovespa. Magalhães aponta que a cotação do ouro em reais pode apresentar um novo ciclo de valorização em 2017, sobretudo com a definição do aumento dos juros nos Estados Unidos em dezembro. "Uma alta de 0,25 ponto percentual pelo Fed [Federal Reserve, o banco central americano] está precificada, o mercado espera o aumento de juros lá", diz. Mas, diante dos juros muito baixos nos EUA, ou negativos na Europa e no Japão, o analista de ouro da corretora Ourominas, Mauricio Gaioti, considera que os investidores devem continuar protegendo seu patrimônio do excesso de liquidez global. "Parece que o mundo ainda não se recuperou da crise mundial de 2008. A Inglaterra está injetando bilhões de libras na economia por causa do Brexit. As pessoas estão buscando dólar e ouro para proteção [hedge]", pontuou Gaioti.
Em 2016, a cotação do ouro em Nova York avançou 19%, de US$ 1.068 por onça-troy para US$ 1.273 por onça-troy ontem. Cada onça-troy equivale a 31,1 gramas do metal. Mas no Brasil, devido a desvalorização 20,4% do dólar no mesmo período, o preço do ouro em reais recuou 7,1% neste ano na BM&FBovespa. "O ouro é o único ativo no mundo com capacidade de refúgio de valor. Num cenário em que diversos países injetam dinheiro em suas economias, ouro é patrimônio", defendeu Mauricio Gaioti. No mercado internacional, o Banco Central da República do Belarus está se posicionando em ouro, assim como investidores da Índia, da China e do Oriente Médio preferem a poupança no metal. "Na Índia e na China, a preferência é por ouro físico", destacou Magalhães, da Reserva Metais. O presidente da Ourominas, Juarez Silva, lembrou também que o ouro é considerado o único investimento que desde a antiguidade que nunca perdeu totalmente o valor. "É um ativo de segurança. O ouro nunca foi a zero", afirmou.
Questionado pelo DCI sobre os custos relativos ao produto, o executivo explicou que não há taxa de corretagem (da corretora), e que a taxa de custódia (para guardar o ativo) de 0,2% ao mês só é cobrada se o cliente ficar dois meses sem movimentação. A compra mínima é de um grama. Quanto aos aspectos jurídicos, o investidor terá que enviar foto pessoal e de um documento via aplicativo para comprovar o cadastro exigido pelo BC. A custódia garante a propriedade do ouro ao investidor, e o custo engloba o seguro da guarda do ativo. "O investidor tem a opção da entrega física", detalhou. A Ourominas produz 12 toneladas do metal por ano, sendo 80% destinado à exportação, e 20% ao público local. A concorrente Reserva Metais negocia até 80 quilos por dia.
Última modificação em 29/07/2022 12:08
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