A geração solar distribuída atinge 3GW de capacidade instalada no Brasil e aumenta a expectativa de maior avanço da penetração no mercado brasileiro. Ganham os consumidores, investidores, governos e o meio ambiente.
A geração solar distribuída atingiu, recentemente, a marca de 3 GW de capacidade instalada no Brasil. Apesar do crescimento exponencial dos últimos anos, o consenso é que essa tendência está apenas em seu início e uma forte transformação do setor elétrico está a caminho.
Aquele modelo de geração centralizada e distante dos grandes centros de consumo está sendo ameaçado por um novo modelo. Primeiramente, esqueça as fontes fósseis, que emitem gases de efeito estufa e intensificam os riscos de aquecimento global. Em seguida, adicione resiliência e robustez do sistema com a diversificação da matriz energética. Deixe para trás todas as perdas e ineficiências com o transporte dessa energia até os consumidores finais - muitas vezes, estamos falando de distâncias continentais entre geração e consumo. Finalmente, adicione a possibilidade de mudar o papel passivo do consumidor de energia para um "prosumer", isto é, um produtor e consumidor de sua própria energia elétrica.
O último ingrediente e certamente, um dos mais importantes, a energia solar já é competitiva em custos em diversos países. Isso porque, observamos nas últimas décadas a queda vertiginosa de 80% nos custos dos equipamentos solares. Resultado dos ganhos de escala da manufatura chinesa, que hoje domina a produção de placas e de inversores globalmente.
Além disso, novos avanços tecnológicos estão a caminho, seguindo curvas de redução de custos similares, como por exemplo: as baterias. Ou seja, novas e melhores tecnologias mudarão muito a forma como tratamos essa commodity fundamental para nosso dia a dia. Vamos analisar adiante todos os fatores que definem essa competitividade e atratividade da fonte solar no modelo de geração distribuída.
É fato que a geração distribuída pode ser baseada em diversas fontes de energia renovável como solar, eólica, biomassa e hídrica. Desde que a energia elétrica seja gerada no local de consumo ou próximo a ele, isto é, o sistema de geração está conectado diretamente no sistema elétrico de distribuição do consumidor, temos o modelo de geração distribuída de energia estabelecido. No entanto, quando falamos de geração distribuída, a energia solar responde por 99,8% das instalações no Brasil. Sem dRecurso solar, 1.550 a 2.350 kWh/m² por ano, não faltam para nosso país tropical de dimensões continentais.
Em 2012, o Brasil deu seus primeiros passos favoráveis a geração distribuída através da criação da Resolução Normativa 482 da ANEEL. Definiu-se, então, as condições regulatórias para microgeração (potencia até 75kW) e minigeração distribuída (potencia de 75kW a 5MW). Estabeleceu-se o conceito de "net metering", que possibilitava que o excedente de geração de energia, não consumido, fosse convertido em créditos de energia na conta de luz. Além disso, a rede elétrica é utilizada como backup quando a energia gerada localmente não é suficiente para atender a demanda do consumidor-produtor. No caso da energia solar, uma fonte intermitente, a geração acontece de dia e o consumo a noite é garantido pela rede elétrica local.
Em seguida, em 2015, a ANEEL aprimorou as regras da geração distribuída com a Resolução Normativa 687. Permitiu-se a adoção de modelos de auto-consumo remoto, de geração compartilhada e de cotas de crédito para condomínios. Assim, esses modelos inovadores possibilitaram maior acesso à energia solar. Nesse momento, aqueles que não dispunham de um telhado adequado e sem sombra e que não tinham recursos financeiros para aquisição dos equipamentos, passam a ter a opção da geração solar distribuída.
Além disso, vários outros gargalos foram trabalhados e importantes avanços foram conquistados com a nova regulação. Os créditos gerados e não consumidos podem ser utilizados em até 60 meses, permitindo maior usufruto da geração de energia realizada. E consequentemente, reduzindo os riscos de sazonalidade de consumo e de geração solar ao longo do ano. Outros pontos importantes foram os prazos regulatórios estabelecidos, a padronização de formulários para conexão e a definição clara de responsabilidade entre clientes, empresas instaladoras e a distribuidora.
Uma restrição que permanece na regulação atual é a impossibilidade de comercialização do montante excedente de energia gerada. Outros países com regulação mais liberal, criaram novos mercados e novas possibilidades para o cidadão comum vender energia para seu vizinho. Há ainda muitas novidades pela frente.
Os incentivos para geração solar distribuída fazem sentido, uma vez que promovem a adoção de fontes limpas renováveis e geram milhares de empregos.
Segundo dados compilados pela ABSOLAR de julho de 2020, a geração solar distribuída atingiu a marca de 3GW de potencia instalada. São 255 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede. Os investimentos acumulados desde 2012 são estimados em mais de R$ 15,2 bilhões e gerou mais de 165 mil empregos. Cerca de 30 empregos diretos e 3,1 empregos indiretos por MW instalado.
Cerca de 320 mil residências, comércios, indústrias e consumidores rurais estão se beneficiando da energia solar distribuída em todo o Brasil. De um lado, os consumidores residenciais lideram o ranking de sistemas instalados com 72,4% do total. Por outro lado, os consumidores dos setores de comércio e serviços lideram o uso da energia solar fotovoltáica em termos de potência instalada, respondendo por 39,5% do total, seguido de perto pelos consumidores residenciais com 38,5%.
Apesar da comemorada marca de 3 GW da geração solar distribuída no Brasil, é nítido que o potencial de crescimento mal começou. O mercado cativo das distribuídoras abrange cerca de 84,4 milhões de unidades consumidoras e apenas 0,4% delas estão, atualmente, se beneficiando da energia solar distribuída.
A EPE, Empresa de Pesquisa Energética, prevê que o Brasil atingirá 11 GW de capacidade instalada em 2029. Cerca de 1,3 milhão de clientes em todos os estados, representando cerca de 2,3% da carga total do sistema nacional no final da década. Ademais, até 2050, a expectativa da EPE é que 78 GW sejam instalados em sistemas de geração distribuída. Com destaque para o segmento residencial com 33 GW e o segmento comercial com 29 GW.
O IEA, a Agencia Internacional de Energia, prevê que geração solar distribuída deve alcançar 530 GW até 2024 ao redor do mundo. De um lado, o segmento residencial deve atingir uma capacidade de 143 GW com forte crescimento da China e Estados Unidos. Por outro lado, o segmento comercial deve atingir a marca de 377 GW em 2024.
Atualmente os países líderes no tema de energia solar são China, com 1/3 do mercado, seguidos por EUA, Japão, Alemanha e India. Esses 5 países consolidam cerca de 70% do mercado global.
No entanto, além dos números grandes, a inovação digital e inúmeras aplicações impressionam ainda mais. Adoção de tecnologias de baterias e gestão dinâmica de demanda devem ajudar a energia solar alcançar mais de 80% de penetração em alguns mercados, segundo estudo da Bloomberg New Energy Finance. Ademais, novas tecnologias digitais como blockchain para orquestrar a comercialização ponto-a-ponto, já contam com centenas de projetos pilotos implementados ao redor do mundo. Certamente, apontam que a forma como tratamos a eletricidade está próxima de uma ruptura. Se por acaso, você ainda olha para sua conta de luz e não entende metade das informações descritas, pode acreditar que há muito a ser melhorado.
E o futuro está mais próximo que você imagina. Empresas brasileiras apostam na transformação digital do setor elétrico, como por exemplo, a SUNWISE, que oferece energia solar distribuída por assinatura. De forma simples e digital, todos no estado de Minas Gerais, podem agora se beneficiar das fazendas solares da empresa. Dessa forma, clientes residenciais, comerciais e industriais atendidos em baixa tensão podem agora economizar na sua conta de luz. Ademais, economizar, sem a necessidade de investimentos, sem riscos operacionais e sem multas contratuais.
Em suma, a geração solar distribuída e as novas tecnologias digitais vieram para transformar o setor elétrico global e brasileiro. E mudar para sempre a forma como tratamos a energia elétrica.
Última modificação em 29/07/2022 11:46
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