Trama é sucesso de audiência e de repercussão nas redes sociais
Quem acessa o Twitter no horário das nove vai encontrar uma enxurrada de publicações e memes sobre a novela Pantanal. Fazia tempo que um folhetim não causava tamanha comoção popular, com seus bordões indo parar em mesas de bar Brasil afora - a lembrança mais recente de uma trama com tanta repercussão é da saudosa Avenida Brasil, em 2012.
Sucesso não só entre os noveleiros que acompanharam a primeira versão da Manchete mas também entre o público jovem, não faltam 'Maria Bruaquers', como se intitulam os fãs da personagem de Isabel Teixeira, e os 'Tibério lovers', que amam o peão vivido por Guito.
Quando o remake foi anunciado, era esperado que fizesse tanto sucesso quanto a trama original. Pode-se notar pela divulgação massiva que a obra recebeu antes da estreia, com direito a matéria especial no Globo Repórter. Mas o que explica o êxito do folhetim 32 anos depois de sua exibição original?
Em 1990, ano que Pantanal foi exibida pela primeira vez na TV Manchete, o cotidiano dos brasileiros era bem diferente do atual. Não haviam redes sociais, se quer internet para todos. A repercussão da novela acontecia boca a boca e nos veículos de imprensa.Agora, em 2022, na era digital, o público se reúne virtualmente para acompanhar os capítulos da trama que contam a história de José Leôncio (Marcos Palmeira).
No Facebook, por exemplo, os membros de um grupo com mais de 100 mil participantes publica diariamente conteúdo e opiniões sobre a novela Pantanal. Muitos deles são espectadores que acompanharam a trama da Manchete e agora matam a saudade dos personagens criados por Benedito Ruy Barbosa.
No Twitter, o cenário é diferente. Os jovens que acompanham Pantanal não perdem nenhuma oportunidade de fazer memes com o folhetim. Guta (Julia Dalavia) virou 'Guta regatinha', por estar sempre vestindo regatas; Zé Leôncio também virou piada por sempre pedir para Tibério tocar a mesma moda, Cavalo Preto.
"O que atrai o jovem é o sabor da novidade. A novela traz um realismo fantástico que estava abandonado na nossa teledramaturgia. O mote dos mitos e das lendas por meio de personagens como Juma [Alanis Guillen] e Maria Marruá [Juliana Paes] que viram onça, o Velho do Rio [Osmar Prado] que se transforma em sucuri, e Trindade [Gabriel Sater] que incorpora o 'cramulhão'", comenta Nilson Xavier, crítico de televisão.
E não são só os jovens que têm demonstrado interesse pela novela. Um relatório enviado pela Globo ao mercado publicitário e publicado pelo Notícias da TV mostra que Pantanal é o folhetim mais assistido por homens desde Avenida Brasil.
Os dados mostram houve um aumento de 35% em relação à média histórica de público masculino no horário das nove. Em alguns dias, os homens foram o público majoritário da atração: Pantanal alcançou a taxa de 51% de homens assistindo à trama adaptada por Bruno Luperi.
Para Márcia Gomes, professora dos cursos de Audiovisual e Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o sucesso com o público masculino se deve a importância que os personagens homens têm na trama. "A gente tem um conjunto de personagens masculinos que são centrais na história, como o José Leôncio e o Jove [Jesuíta Barbosa], além das rodas de violas e dos peões", disse.
A especialista afirma que Pantanal remete à estética faroeste, cujo público é majoritariamente formado por homens. Além dos protagonistas, a história dos peões Tibério, Trindade, Levi (Leandro Lima), Tadeu (José Loreto) e José Lucas de Nada (Irandhir Santos) são importantes para o andamento da trama e têm feito sucesso nas redes sociais.
Outro elemento que chama o público masculino são as rodas de viola. O folhetim traz de volta o sertanejo raiz - o duelo musical entre Eugênio (Almir Sater) e Trindade, que são pai e filho na vida real, foi uma das cenas que mais repercutiu até o momento.
Os dados do Ibope também não decepcionam. Já faz quatro semanas que a novela não registra média abaixo dos 30 pontos e recuperou rapidamente a audiência perdida durante a exibição de Um Lugar ao Sol, sua antecessora - para efeitos de comparação, a trama de Lícia Manzo fechou com média de 22 pontos, o pior ibope da história de um folhetim das nove.
Novela Pantanal se mantém atual em meio à dramas antigos
A história do remake da novela Pantanal tem se mantido bastante fiel em relação à primeira versão. O autor até optou por manter a morte de Madeleine (Karine Teles), que em 1990 só morreu na trama pois a atriz Ittala Nandi pediu para deixar a produção.
No entanto, mudanças no roteiro fazem que a novela se mantenha atual mesmo ao contar uma história de 32 anos atrás. "A novela não traz nenhuma novidade, tudo que é abordado ela já trouxe no passado, mas são coisas que estavam há muito tempo afastadas da televisão aberta", explica Xavier. "O que difere da primeira versão é que a novela está sendo adaptada para os dias de hoje. A trama original tinha uma narrativa mais lenta, com cenas contemplativas da natureza. Isso não caberia mais na TV atual, por ser muito imediatista. Se a história demorar muito pra acontecer, o publico se cansa".
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Última modificação em 19/07/2022 20:22
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