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Parque ou demolição? Plebiscito vai decidir futuro do Minhocão; conheça história

O Elevado Presidente João Goulart, conhecido principalmente como Minhocão, é um dos principais marcos da arquitetura da cidade de São Paulo para seu trânsito. Desde sua criação é alvo de elogios e ataques por conta de efeitos causados na região central da cidade.

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O Elevado Presidente João Goulart, conhecido principalmente como Minhocão, é um dos principais marcos da arquitetura da cidade de São Paulo para seu trânsito. Desde sua criação é alvo de elogios e ataques por conta de efeitos causados na região central da cidade.

Entenda a conturbada história da via paulistana que é tema de incontáveis debates sobre seu futuro. 

História do Minhocão

Ao longo do século XX, a cidade de São Paulo viu sua população crescer de maneira vertiginosa. Inesperadamente, o número de moradores do local cresceu cerca de 5,7 milhões entre 1900 e 1970. Como resultado disso, o trânsito começou a se tornar uma grande problema para a cidade durante a popularização do automóvel - principalmente no Centro da cidade. A construção do Minhocão ocorreu dentro deste contexto. 

As obras para a criação do Elevado Costa e Silva - uma homenagem ao general responsável pelo decreto do AI-5, marco na repressão durante o Regime Militar - começaram em 1970. Cerca de 11 meses depois o projeto foi entregue pelo então prefeito Paulo Maluf. Sua extensão monumental de 3,4 km e formato renderam o apelido de Minhocão.  

Em 2016, o nome oficial do elevado tornou-se Presidente João Goulart, uma maneira de homenagear o presidente anterior ao golpe de 1964.

O Minhocão já é usado como um parque

Certamente, a via é a mais importante ligação entre o centro e a zona oeste. Seu objetivo de desafogar o trânsito no centro funciona e cerca de 78 mil veículos utilizam o elevado diariamente. Posteriormente, em 1976, a via começou a fechar todas as noites entre 21h30 à 6h30 para o trânsito de veículos.  O Minhocão também fica fechado aos domingos e se torna uma área de lazer para paulistanos que gostam de caminhar, andar de bicicleta ou apenas parar em um lugar para conversar. 

 

Certamente, a via é uma das mais utilizadas pelo paulistano ao transitar entre a zona norte e o centro de São Paulo. Fonte: PMendonça Imóveis
O Minhocão é importante para o trânsito, mas já recebeu diversas feiras gastronômicas e de variedades. Foto: Divulgação/Vedett
O elevado também é usado por ciclistas e pessoas que gostam de caminhar. Foto: José Pólice Neto

Críticas ao Minhocão

Desde a sua inauguração, a via é alvo de discussões sobre a sua relevância e problemas gerados para os moradores na região. Além de ser considerado o maior símbolo material dos intermináveis equívocos do planejamento urbano da capital paulista.

Desde o começo de sua construção em 1970, o elevado aumentou a poluição sonora, visual e do ar para os moradores dos prédios ao lado dessa gigante via. Inclusive, foram as reclamações dos moradores locais que fizeram com que a prefeitura fechasse o endereço durante os domingos e madrugadas a partir de 1976. 

A criação do Minhocão também impulsionou a degradação da região com o passar dos anos. Quase todas as ruas embaixo do elevado foram tomadas por usuários de drogas e prostituição. Tal problema é apontado até hoje por moradores da região e urbanistas como motivo para a demolição do elevado. Como resultado do impacto negativo, o Plano Diretor de São Paulo - responsável pelo planejamento do solo da cidade - prevê a desativação total da via para veículos até 2029.

Quais são as opções para o futuro do local?

Uma das principais opções para o minhocão é a transformação dele em um parque elevado. Fonte: divulgação/prefeitura

O futuro do Minhocão possui três possibilidades. São elas:

  • Transformação completa do espaço em um parque público,
  • A transformação parcial do Minhocão em parque (como resultado, parte ainda funcionaria como via até 2029)
  • Demolição total do Minhocão.

Em 9 de setembro, o vereador Caio Miranda Carneiro (DEM) aprovou um projeto na Câmara Municipal para levar a decisão entre essas opções a uma consulta popular. A Mesa Diretora da Câmara afirma que o plebiscito não precisará de aprovação do prefeito ou nova votação. Por isso, a consulta popular já é certeza, mas ainda não possui nenhuma data para ocorrer. 

Mesmo com três opções diferentes para o Minhocão, certamente ainda haverá a presença de pontos negativos causados pelo local. Essa questão inclusive já foi ponto de debate na Universidade Presbiteriana Mackenzie, uma das melhores instituições para o curso de arquitetura. Segundo Vladimir Maciel, coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, “essa mudança brusca de transformar uma conexão importante em parque vai ter reflexo de curto prazo direto no trânsito, porque não há outras vias alternativas que coletem esse tráfego”.

 

Enquete: qual deve ser o futuro do Minhocão em São Paulo? Vote!

Desculpe, não há enquetes disponíveis no momento.

Última modificação em 29/07/2022 09:12

Erich Mafra

Atua como jornalista desde 2017. Passou pela redação da Revista Veja, onde cobriu as editorias de Cultura, Política e Consumo.

Ver Comentários

  • O Elevado João Goulart – Minhocão – constitui aberração urbanística –viaduto passando no meio de prédios residenciais - vitima milhares de moradores, que padecem com gravíssimos problemas de saúde, invasão de privacidade, insegurança e incomodidade insuportável.
    Trânsito – Com a duplicação das Marginais, o trânsito leste-oeste diminuiu significativamente no Minhocão. O Plano Diretor Estratégico (lei nº 16.050/14), inclui no artigo 375, parágrafo que diz haverá 'gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego”.
    CET considera melhor aproveitamento das avenidas Amaral Gurgel e General Olímpio da Silveira sem o Minhocão, com eliminação das pilastras de sustenção que ocupam 8 metros de largura. Semáforos inteligentes encurtarão o tempo do percurso, segundo Dr. Sergio Ejzenberg, renomado especialista em trânsito, Mestre e Engenheiro de Tráfego pela Escola Politécnica da USP.
    “Parque”? – O referido Plano Diretor de 2014 apresenta as opções do que fazer com a estrutura do Minhocão, após a desativação total do trânsito: “demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque.”
    “Parque” sobre viaduto construído para viário, no século passado, sem manutenção, a 8 metros de altura, sem condições de segurança para pedestres, não resolve os transtornos já existentes de saúde e segurança dos milhares de moradores. Criaria outros sérios problemas para os mesmos.
    Exemplo? Insegurança. Para se protegerem moradores colocam arame farpado para evitar roubos em seus apartamentos
    Sem manutenção há anos, colunas de sustentação estão deterioradas
    Embaixo do Minhocão, local altamente poluído, aglomeram-se centenas de moradores em situação de rua. Ou seja, haveria aumento dos sérios problemas que já existem na parte debaixo
    Aumento de gastos para a Prefeitura, que já tem evidentes dificuldades sérias em manter e zelar pelos mais de 100 parques já existentes.
    O fracasso dos Jardins Verticais, instalados nos prédios ao longo do Minhocão, que secaram por falta de manutenção e trazendo sérios problemas aos moradores, agredindo o visual urbanístico e acarretando prejuízos de milhões de reais para Prefeitura não é exemplo flagrante?
    Desmonte – Melhor e econômica opção. Soluciona os graves problemas mencionados. Possibilitará a reurbanização/requalificação de importante área central. Revitalizará o comércio. Promoverá turismo com retrofit dos históricos prédios. Além de ser obra que se autofinancia, com o reaproveitamento de suas 900 vigas.
    Com os modernos métodos de desmonte, a eliminação da estrutura do Minhocão para reurbanização/requalificação é obra sustentável, rápida e resolve todos os problemas elencados.
    Plebiscito - A iniciativa democrática propondo Plebiscito sobre o futuro do Minhocão é oportunidade de se poder esclarecer à população, dos gravíssimos problemas causados por essa estrutura, que constitui em si, um verdadeiro crime ambiental e impede o desenvolvimento, modernização e embelezamento da cidade.
    O DCI publicou impressionante matéria de capa informando do Problema de Saúde Pública que constitui o Minhocão. Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostra que no entorno do Minhocão é 79% mais poluído que o resto da cidade,
    As pessoas devidamente esclarecidas poderão votar conscientes, do que porque a melhor opção é o desmonte da estrutura do Minhocão, para solucionar todos graves os problemas que causa.
    Eliminação do "Minhocão" do Rio (RJ) e Boston (EUA) não são exemplos ilustrativos e de inspiração para São Paulo?
    Dr Marcos Lúcio Barreto, Promotor de Justiça do Meio-Ambiente do Ministério Público, em sessão na Câmara Municipal, após discorrer sobre os problemas que causa o Minhocão, afirmou: "É preciso acabar com o martírio em que vivem essas pessoas", referindo-se aos moradores ao longo do Minhocão.
    Recente pesquisa realizada pela Secretaria de Urbanismo Municipal, PIU Minhocão, revela que 47% dos internautas defendem o desmonte; 39% (desinformados da gradual desativação viária) acham que deve continuar via de tráfego rápido; e somente 14% a favor de "parque" sobre a laje de concreto e asfalto. Aberração urbanística - viaduto passando no meio de prédios residenciais - vem vitimando milhares de moradores que residem ao longo dos seus 2 kms e 800 metros de extensão, com gravíssimos problemas de saúde, invasão de privacidade, insegurança e incomodidade insuportável. Única opção válida é o desmonte dessa estrutura. Toda área degradada atrai criminalidade.
    Francisco Gomes Machado
    Presidente do CONSEG – Conselho Comunitário de Segurança – de Santa Cecília, Av. Higienópolis, Barra Funda e Campos Elíseos.
    Rua Dr Albuquerque Lins, 528
    01230-000 - Santa Cecília - São Paulo - Capital
    RG 7293846 SSP - 25330447 - 949497228

  • O termo correto e desmonte e não demolição. Sou favoravel e revitalização, ao sol a vida. Isso só sera possível com o desmonte dessa aberração.

  • demolição já, é uma aberração, há outras possibilidades de desvio do transito, pelas ruas do bairro,É so uma questão de planejamen
    A praça voltará ao que era, o espaço embaixo com a demolição vai aumentar, possibilitando portanto mais um leito carroçavel, para carros, acabará o ar contaminado nas lojas e bares e outros do entorno na rua, os aptos não serão mais expostos, a praça voltará a ser ocupada pelos moradores

  • Pela saúde dos moradores e comerciantes da região, desmonte essa aberração. Um erro urbanístico que enterrou uma linda avenida que a quase meio século jaz no porão sujo, úmido e escuro, além de degradar 5 bairros do entorno.

  • Sou favorável à demolição urgente. Moro em frente o minhocão e não aguento mais.

  • A CET já fez um estudo em 2014 demonstrando que o impacto da retirada do Minhocão será ZERO. A prefeitura usou esse estudo para viabilizar o seu fechamento e montagem do tal parque fake que será assim: asfalto pintado com formas coloridas (fresquinho!!) cadeiras de praia e guarda sóis (que ficarão intocados à noite, claro, ninguém vai levar) e vasos com plantas. Tudo isso com nosso dinheiro. Não haverá árvores, não é parque! Além disso, uma multidão lá no alto, em caso de emergência, haverá escadas a cada 400 metros. Um perigo!

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