Se você acha que a única função da vírgula é dar um respiro no texto, está na hora de conhecer as principais regras e aprender, de verdade, a usar esse sinal gráfico.
Escrever é como montar um quebra-cabeças. Afinal, você precisa encaixar, uma ao lado da outra, cada peça. As palavras devem não apenas fazer sentido, como também estar no lugar certo. Mas, na língua portuguesa, essa tarefa nem sempre é fácil. E um dos maiores desafios é, sem dúvida, como usar vírgula.
Assim como a crase, que já explicamos como funciona, a vírgula gera bastante confusão – tem quem use demais e quem use de menos. Seja para fazer a redação do Enem ou simplesmente melhorar sua comunicação escrita, vale a pena conferir algumas dicas para entender quando utilizar (ou não) o sinal.
É provável que você tenha aprendido que a vírgula serve para indicar uma pausa e, por isso, segue o ritmo de fala. Ou seja, precisou respirar, coloca a marcação. Mas essa referência é equivocada. Afinal, cada um fala de um jeito diferente. Então, não tem jeito: para usar a vírgula corretamente é preciso entender qual sua função na frase e ficar de olho nas regras.
Em primeiro lugar, a vírgula, de fato, representa uma breve pausa na sentença. No entanto, isso não tem a ver com a respiração. Essa característica está relacionada, principalmente, à linha de raciocínio do texto.
O sinal é importante, por exemplo, para explicar ou ressaltar informações. Além disso, ajuda a desfazer frases ambíguas e dar o sentido correto para o que você quer dizer. E ainda tem situações em que sua presença é obrigatória, mas facultativa em outras.
Para entender as principais regras do uso da vírgula é essencial falar de gramática. Mas não se preocupe tanto com os termos. O mais importante é se atentar à ideia geral de cada norma e, especialmente, aos exemplos.
A vírgula ajuda a separar diferentes termos que formam uma lista dentro da frase.
Em boa gramática, a regra vale para isolar o aposto ou uma oração adjetiva explicativa. Assim, você usa a vírgula para explicar ou acrescentar uma informação sobre o assunto que está falando.
Na prática, isso significa separar, com a vírgula, um termo que exerce a função de vocativo, ou seja, que aponta ou chama a atenção do interlocutor. Pode ser desde o nome de alguém até expressões como “cara”, “amiga”, “amor”, “filho”, entre outras.
Essa regra diz respeito a termos que indicam lugar, tempo ou modo, principalmente quando aparecem no início da oração. Nesse caso, eles cumprem o papel de adjunto adverbial antecipado.
Pode ser que essas palavras ou expressões estejam deslocadas, ou seja, no meio da frase. Aí é preciso usar a vírgula também. Veja o exemplo a seguir.
Ordem direta (sem vírgula):
Todos sabem que é proibido usar o celular na sala de aula.
Ana guardou o vestido de noiva com muito carinho.
Adjunto adverbial deslocado (entre vírgulas):
Todos sabem que, na sala de aula, é proibido usar o celular.
Ana guardou, com muito carinho, o vestido de noiva.
E se o adjunto adverbial estiver no início da frase, fica assim: “Na sala de aula, todos sabem que é proibido usar o celular” e “Com muito carinho, Ana guardou o vestido de noiva”.
No entanto, existem ocasiões em que a vírgula ao lado de adjuntos adverbiais é facultativa. Assim, cabe a você escolher se usa ou não o sinal.
O mesmo acontece com expressões adverbiais curtinhas:
Escreveu uma frase com elementos explicativos? Então pode acrescentar a vírgula! Fique de olho em locuções como: além disso, a propósito, digo, isto é, por exemplo, aliás, inclusive, com efeito e ou seja.
O nome é complicado, mas o conceito é simples. Trata-se daquelas sentenças que passam a ideia de oposição ou contraste. Todas elas sempre pedem o uso da vírgula. Uma dica para reconhecer esse tipo de frase é a presença de termos como: mas, porém, contudo, no entanto, todavia, entretanto, apesar disso, ainda assim e ao passo que.
O uso da vírgula antes e depois do “mas” tem regras específicas. Vamos lá:
Quando o “mas” representa adição (e funciona como “e”), a vírgula antes dele é facultativa.
Essa palavra pode assumir o papel de substantivo masculino, indicando uma dificuldade ou problema. Aí, nada de usar a vírgula.
Você não deve usar a vírgula depois do “mas” se o termo estiver no início da frase. No entanto, isso muda de figura se, na sequência, houver uma frase intercalada. Nesse caso, ela deve ficar entre vírgulas. Assim:
(sem vírgula)
(frase intercalada entre vírgulas)
(sem vírgula)
(frase intercalada entre vírgulas)
De modo geral, a vírgula não vem antes do “e”. Mas se forem duas orações com sujeitos diferentes, aí você poderá usar o sinal.
O mesmo vale quando o “e” tiver função de “mas”.
Já falamos bastante sobre quando usar vírgula, mas é importante também saber quando você deve deixar o sinal de lado.
Isso porque há duas situações especificas em que você não deve usar, de jeito algum, a vírgula. No entanto, é muito comum as pessoas se confundirem na hora de usar essa regrinha.
Primeiro, o clássico sujeito e predicado. Essa dupla nunca deve ser separada. Lembrando que o sujeito é aquele que faz ou sofre uma ação.
Depois, temos o verbo e seu complemento, que também devem sempre estar juntinhos.
Essas dicas cobrem as principais regras sobre como usar vírgula. Para entender ainda mais sobre o tema, confira os vídeos a seguir.
Última modificação em 29/07/2022 08:53
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