Após a condenação do jogador em segunda instância, na última quinta (10), o advogado de defesa do atleta afirmou que vai entrar com o último recurso.
Na semana passada, o jogador Robinho foi condenado, em segunda instância, pela justiça italiana pelo estupro de uma jovem albanesa. A defesa ainda pode recorrer na terceira, e última, instancia. O caso aconteceu em 2013, Robinho só condenado em 2017. Contudo, o crime ganhou visibilidade novamente no Brasil, após a contratação do jogador pelo clube de futebol, Santos. Com as criticas negativas, o time optou que Robinho não se apresentasse e suspendeu o contrato de cinco meses.
Em 2017, Robinho foi condenado pelo Tribunal de Milão, na Itália, a nove anos de prisão por violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa. O caso ocorreu em uma boate da capital da Lombardia, em 22 de janeiro de 2013, quando a jovem comemorava seu aniversário de 23 anos. Na época, o atacante defendia o clube italiano Milan.
Robinho e Ricardo Falco são alvos no processo, outros quatro amigos, que também teriam participado do estupro, não foram processados, porque durante o inquérito já estavam no Brasil, longe da jurisdição italiana.
Como a condenação foi em primeira instancia, ainda era cabível de recurso em liberdade. Na última quinta-feira (10), no entanto, o jogador foi condenado novamente em segunda instancia a nove anos de prisão. Ainda é possível que a defesa recorra a terceira, e última, instancia no processo. Enquanto isso, o acusado se mantém em liberdade.
Ao sair do tribunal na última quinta (10), o advogado de defesa, Franco Moretti, se consentiu positivamente quando foi perguntado se iria apresentar recurso. Os réus só podem ser considerados culpados depois de uma condenação definitiva.
Ainda em outubro, o Globo Esporte teve acesso sentença judicial e a transcrição dos grampos que levaram o jogador a ser condenado. Os áudios mostram Robinho e os amigos narrando o ato que cometeram contra a jovem. O jogador ainda debocha e faz brincadeiras sobre o caso.
“Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu”, disse Robinho, segundo as gravações da Justiça italiana.
O jogador afirma que não teve relações de penetração com a menina, mas assume que colocou o pênis na boca da jovem alcoolizada, como aponta essa parte:
Jairo: "Mas você também transou com a mulher?".
Robinho: "Não, eu tentei".
Jairo: "Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela".
Robinho: "Isso não significa transar".
Os advogados de defesa alegam as falas foram tiradas de contexto e a tradução do português para o italiano continha alguns erros. Contudo, isso não mudou a sentença ou a condenação dos acusados.
Um novo áudio de Robinho, gravado com autorização judicial, foi revelado recentemente. Nele, o jogador recomenda que seu amigo, Ricardo Falco, também acusado, venha para o Brasil para evitar que ele seja preso. "Cara, você quer um conselho? Não vai nem lá, volta pro Brasil, pelo menos tu não fica em cana." (Risos).
Após a contratação do Santos e os áudios que foram revelados, Robinho foi fortemente criticado pela população. Torcedores pediam para que o clube suspendesse o contrato. Além de muitas manifestações contrárias ao jogador nas redes sociais.
Comentaristas de esporte, como Carlos Casagrande e Cleber Machado também se manifestaram e se disseram indignados com o ato de Robinho e sua contratação.
Após a repercussão negativa e a perda de patrocínios, o Santos suspendeu o contrato com Robinho, alegando que o jogador deveria focar em sua defesa judicial.
O jogador então se manifestou atacando a imprensa e chegou a se comparar com o presidente Bolsonaro (sem partido).
“A gente tem N exemplos aí. Você viu o que fizeram com o Bolsonaro antes da eleição? O ataque que fizeram ao cara? Falando que o Bolsonaro era isso e aquilo? Que o Bolsonaro era racista, fascista, que era assassino? E quanto mais eles batiam no Bolsonaro, mais ele crescia. Então estou em paz mesmo, de coração. Não estou preocupado com eles”, disse Robinho.
O jogador também atacou o movimento feminista, quando deu entrevista ao UOL.
“Infelizmente, existe esse movimento feminista. Muitas mulheres às vezes não são nem mulheres, para falar o português claro (…) Eu não sou bonito, sou casado com a minha esposa, mas se eu sair na rua, e a mulher falar: ‘Oi, lindo, gostoso’, tem uma conotação. Se eu mexer com você com falta de respeito é totalmente diferente”, disse.
Até mesmo no governo de Jair Bolsonaro, ao qual Robinho defendeu e exaltou, houve criticas negativas ao jogador. A ministra Damares afirmou que o condenado deveria ser preso imediatamente.
“Cadeia imediatamente, não tenho outra palavra para falar. Ainda cabe recurso, mas o vazamento dos áudios, gente. Querem mais o quê? Cadeia. Nenhum estuprador pode ser aplaudido. O cara quer voltar para o campo para posar como herói”, declarou Damares.
Por enquanto, Robinho não vai ser preso, a Constituição brasileira impede a extradição de seus cidadãos para países onde crimes tenham sido cometidos.
No entanto, além de Brasil e Itália possuírem acordo de Cooperação Judiciária em Matéria Penal, a legislação brasileira prevê na Lei de Migração (13.445/17), artigos 100 a 102, a transferência de execução de pena para os casos em que a extradição não é possível devido à nacionalidade.
Nesse caso, em tese, as autoridades italianas precisam solicitar ao Superior Tribunal de Justiça brasileiro o cumprimento da pena no país.
Mas, além disso, a defesa do jogador ainda pode recorrer no processo em última instancia. Após receber o recurso, a corte de Cassação se pronuncia em via definitiva, condenando ou absolvendo, ou não definitiva, reenviando o processo para o Tribunal de Apelação reexaminar pontos, se julgar necessário. O prazo para que isso aconteça é de 90 dias.
O procurador do caso de Robinho na Itália, Stefano Ammendola, afirmou que o relato da vítima teve credibilidade porque os investigadores também grampearam as ligações dela e as conversas gravadas coincidem com depoimento dado à Justiça.
Última modificação em 28/07/2022 10:44
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