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Fórmula 1 fora da Globo: como serão as transmissões em 2021?

Depois de quase 40 anos seguidos de parceria, a Rede Globo deixará de exibir corridas de Fórmula 1 a partir de 2021

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Depois de quase 40 anos seguidos de parceria, a Rede Globo deixará de exibir corridas de Fórmula 1 a partir de 2021. Assim, a Liberty Media, dona dos direitos comerciais da categoria, busca outras emissoras de TV aberta e fechada para continuar transmitindo as corridas no Brasil.

Em comunicado oficial, a Globo explicou sua decisão: “Como parte da revisão de seu portfólio de direitos, um dos maiores entre emissoras de TV do mundo, a Globo optou por não renovar os direitos de transmissão da Fórmula 1 a partir de 2021. Mesmo sem a transmissão das corridas, a Globo continuará a fazer a cobertura da categoria em suas diversas plataformas”.

A emissora não revelou os motivos que levaram ao fim do contrato. Mas o interesse do público no Brasil já não é o mesmo depois que Felipe Massa deixou a categoria, em 2017. Desde então, a Fórmula 1 ficou sem nenhum piloto brasileiro, e apenas um piloto levantou o caneco nos anos seguintes: Lewis Hamilton.

Além disso, de acordo com o UOL, a Globo teria oferecido US$ 20 milhões (R$ 106 milhões na cotação atual) para renovar o contrato. No entanto, a Liberty Media queria receber mais, e a negociação travou. Por outro lado, a emissora faturava quase R$ 500 milhões por anos com os parceiros comerciais da Fórmula 1. Cervejaria Petrópolis, Nivea, Renault, Santander e TIM pagavam quase R$ 100 milhões cada um.

Quem fica com a F1?

Com mais de 115 milhões de telespectadores por ano, o Brasil é o maior mercado de TV no mundo para a Fórmula 1. Afinal, é um dos poucos países que transmite as corridas na televisão aberta. Ou, pelo menos, transmitia. Com a Globo fora do páreo, surgem outros candidatos a ficar com os direitos das corridas a partir de 2021.

Um deles é a Rio Motorsports, empresa que tenta transferir o GP do Brasil para o Rio de Janeiro. O grupo já adquiriu os direitos de exibição da MotoGP, o mundial de motovelocidade, para repassar a outras TVs – no caso, a Fox Sports. Caso feche também com a Liberty Media, deverá fazer o mesmo com a Fórmula 1. A ideia é negociar as cotas de patrocínios e dividir custos e lucros das transmissões com as emissoras. E nada impede que uma das parceiras seja a própria Globo.

Por outro lado, segundo o site Grande Prêmio, a Liberty Media analisa outras opções para manter a Fórmula 1 na TV aberta brasileira. Assim, teria iniciado conversas com SBT, Band e TV Cultura. O SBT acaba de adquirir a Libertadores e contratou Téo José, narrador com experiência no automobilismo. A Band, por sua vez, já transmite a Fórmula Indy e poderia usar isso a seu favor.

Quanto aos direitos de exibição na TV fechada, que também pertenciam à Globo por meio do Sportv, quem também monitora a situação é a Disney, que detém os canais ESPN e Fox Sports.

Fórmula 1 na Globo: fim de uma era

Divulgação

A relação entre Globo e Fórmula 1 começou em 1972, ano do primeiro GP do Brasil em Interlagos e também do primeiro título de Emerson Fittipaldi, transmitido em rede nacional pela emissora carioca. Em 1980, a temporada foi transmitida pela Band, com Galvão Bueno como narrador.

Em 1981, a Fórmula 1 voltou para a Globo e não saiu mais. No começo, quem narrava as provas era Luciano do Valle. Galvão Bueno foi contratado no mesmo ano, mas assumiu a função de locutor oficial das corridas somente em 1982. E fez história desde então, principalmente com as narrações das grandes vitórias de Ayrton Senna no começo dos anos 1990.

Ao longo de todo esse período, a Globo exibiu todos os oito títulos mundiais do Brasil na Fórmula 1: dois de Fittipaldi, três de Nelson Piquet e três de Senna. Transmitiu quase todas as temporadas na íntegra, com exceção de algumas provas realizadas na América do Norte, que chocavam com a programação por causa do horário. Também deixou de transmitir corridas que aconteciam ao mesmo tempo em que jogos da Copa do Mundo, por exemplo. Nestes casos, a exibição ficava a cargo do Sportv.

Com o fim da parceria, portanto, ainda não se sabe onde será possível assistir às corridas da Fórmula 1 a partir do ano que vem. Certo é que as narrações e comentários de Galvão Bueno e o famoso bordão de Cléber Machado “hoje não, hoje sim” vão fazer falta.

Última modificação em 29/07/2022 09:18

Rafael Bruno

Jornalista esportivo desde 2008, trabalhei em duas Copas e três Olimpíadas na redação do UOL Esporte, além de coberturas in loco de UFC, Fórmula 1 e Copa Davis.

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