Finanças

Alta da Selic vai subir juros no financiamento imobiliário?

Efeitos da alta dos juros básicos da economia não é consenso entre analistas do mercado de crédito voltado à compra de imóveis, que ainda não alterou suas taxas

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O efeito da elevação da taxa Selic, de 2,00% para 2,75% ao ano, sobre os juros do financiamento imobiliário não está inteiramente claro. Mas já divide opiniões entre especialistas do mercado de crédito imobiliário.

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Financiamento imobiliário em 2021

Para uma corrente, a retomada de alta da Selic pode levar os bancos a aumentar os custos de financiamento. Afinal, foi a taxa básica na mínima histórica que derrubou os juros do financiamento habitacional também para patamares historicamente baixos. Pesquisa do setor imobiliário aponta que a taxa média nessa linha de crédito recuou para próximo de 7% ao ano.

Essa taxa média é pouco mais da metade do teto de juros, de 12% ao ano, definido para empréstimos do SFH (Sistema Financeiro da Habitação). Por enquanto, nenhum banco mexeu ou sinalizou que pretende subir os juros do financiamento imobiliário. Segundo especialistas do mercado, cada banco fica na sua à espera de que o outro tome a iniciativa para ir atrás.

Uma elevação não está descartada porque a Selic subiu, depois de seis anos, e o Banco Central deu a sinalização de que novo aumento já está a caminho, para maio. Estaria engatilhado outro aumento de 0,75 ponto porcentual, que empurraria a Selic para 3,50% ao ano. Outros ajustes se seguiriam ao esperado para maio, preveem analistas, que já estimam uma Selic ao redor de 5% a 6% ao ano no fechamento de 2021.

Comportamento dos juros futuros também é referência

Alguns especialistas consideram que a elevação da Selic não é a única referência para o possível aumento dos juros do crédito imobiliário. Seria preciso ver também o comportamento dos juros futuros, que seguem em escalada, principalmente nos contratos de vencimentos mais longos.

Os juros futuros, para esses analistas, projetam melhor o cenário de expectativas para agentes econômicos e financeiros. Uma visão com perspectiva de longo prazo que combina com o tempo de duração dos contratos de crédito imobiliário. Bancos precisam lançar o olhar para daqui a 20, 30 anos ou até mais para tomar as decisões no setor de financiamento imobiliário.

Pelo sim, pelo não, quem comprar imóvel financiado agora estaria garantindo carona ainda no movimento de juros baixos no mercado de crédito imobiliário.

O presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz França, não vê riscos de que a alta dos juros venha a prejudicar a força do setor. O momento, segundo ele, é de oportunidade para a compra, porque os preços estão atraentes. As condições, para França, permanecem favoráveis, mesmo que as taxas de juro voltem a subir.

Última modificação em 26/07/2022 22:57

Regina Pitoscia

Foi colaboradora das revistas Exame, Cláudia e Nova. Formada em jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP, cursou Extensão Universitária em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) São Paulo e na Faculdade de Economia e Administração da USP, Extensão Universitária em Mercado de Capitais e Finanças Pessoais no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Máster em Varejo pela FIA-USP. Recebeu Prêmio Esso de Jornalismo/Economia, de 1989, com reportagem “Seu Fundo de Garantia pelo Ralo”. Atuou como editora dos Cadernos de Finanças Pessoais: “Seu Dinheiro” no Jornal da Tarde, “Suas Contas” e “Fundos & Cia” no Estadão.

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