Usinas siderúrgicas brasileiras estão projetando que os próximos anos seguirão difíceis e no buscam algum alento no mercado externo.
SÃO PAULO - Diante de um contexto de excesso de capacidade mundial do aço e de fraca atividade da indústria no Brasil, as usinas siderúrgicas brasileiras estão projetando que os próximos anos seguirão difíceis e no curtíssimo prazo estão buscando algum alento no mercado externo. O enfraquecimento da demanda dos principais setores consumidores do aço por aqui, como o automotivo e construção civil, fez com que o setor de siderúrgicas acendesse o sinal de alerta, na esteira de um cenário de aumento de demissões e com usinas optando em suspender a produção.
De forma a buscar apoio no mercado externo, Steinbruch defendeu que o governo trabalhe no sentido de promover ligeira desvalorização da moeda brasileira, no intuito de que essa medida ajude de forma mais imediata o setor produtivo. Além disso, o executivo lembra que uma moeda mais desvalorizada também funcionaria no sentido de inibir a entrada de produtos importados no País, em função da grande agressividade que a China tem demonstrado para a colocação de seus produtos globalmente. Na sua visão, uma taxa de câmbio entre R$ 3,30 e R$ 3,40 poderia beneficiar os exportadores sem que exista um efeito nocivo para a inflação. "Precisaremos de um tempo para reorganizar o mercado interno e a saída imediata seria a exportação. E não só para o setor o siderúrgico, mas para todos os setores", disse. Segundo Steinbruch, estimular as exportações seria a medida mais "fácil e rápida" a ser implementada. "Precisamos de um esforço conjunto para que consigamos exportar mais", destacou.
A situação neste momento é exatamente a oposta da observada em anos anteriores, momento em que as usinas siderúrgicas passaram a destinar uma fatia cada vez maior de suas vendas ao mercado doméstico, já que essa estratégia ajudava a conseguir melhores margens, visto que a demanda ainda vinha em ritmo de expansão, cenário que se inverteu nesse momento. Até aqui, o IABr calcula que em doze meses 11.188 funcionários do setor já foram demitidos e outros 1.397 tiveram seus contratos suspensos (Lay off). Essa desmobilização de mão de obra, fruto da fraca atividade, está relacionada à desativação ou paralisação de 20 unidades , sendo dois alto-fornos, quatro aciarias e laminadores. Ainda de acordo com a entidade, caso o quadro atual se mantenha, a estimativa é de que outras 3.955 pessoas sejam demitidas ainda neste ano.
A Usiminas, por exemplo, decidiu desligar temporariamente altos fornos nº 1 da usina de Cubatão e de Ipatinga, reduzindo sua produção de ferro gusa em cerca de 120 mil toneladas ao mês. Os empregados administrativos do escritório da Usiminas e Usiminas Mecânica estão trabalhando com a jornada reduzida em um dia útil por semana, com redução proporcional do salário, o que, segundo a empresa, "visa a preservar ao máximo as equipes de trabalho, diante da atual crise econômica da cadeia do aço". A Gerdau, por sua vez, já anunciou lay off em uma unidade no Rio Grande do Sul.
Última modificação em 29/07/2022 12:12
Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso.