Economia

Vale a pena? Caderneta de poupança paga 0,16% ao mês

Apesar de o rendimento ter aumentado após a alta da Selic, investimento ainda não é capaz de recompor as perdas tidas com a inflação

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O rendimento da caderneta de poupança subiu junto com a Selic: foi de 1,40% para 1,93% ao ano. Isso porque ela rende o equivalente a 70% da taxa básica da economia. Esse rendimento será pago de 17 de março a 5 de maio.

Mesmo com a alta, não é preciso nem fazer conta para perceber que ele será insuficiente para proteger o aplicador contra as perdas para a inflação. Muito menos para pagar o ganho real, quer dizer, acima do que foi corroído por ela.

O mercado e até o governo estão esperando por uma inflação em torno de 5% para esse ano. Nível que transita muito acima do 1,93% da poupança. Isso significa que a remuneração da caderneta é negativa pelos números atuais.

Já faz um tempo que deixar dinheiro na caderneta é perder dinheiro. Com os juros no chão, menor patamar da série histórica, no ano passado a poupança já tomou uma surra da inflação.

Rendimento negativo ao aplicador - Caderneta de poupança

Em 2020, a sua remuneração ficou em rendeu 2,11%, e a inflação oficial, medida pelo IPCA, cravou em 4,52%. Isso significa que o rendimento da poupança foi negativo em 2,36%.

Em termos práticos, o dinheiro nela aplicado pelo ano todo não manteve o seu poder de compra. Quer dizer, não teve a capacidade de comprar em dezembro os mesmos itens que comprava em janeiro de 2020 após o crédito do rendimento.

Neste ano, pelas indicações atuais, vai acontecer a mesma coisa. Mesmo com todo esse desgaste, a caderneta ainda está entre as preferências do brasileiro. Pelo último levantamento do Banco Central, o total depositado em caderneta superava R$ 1 trilhão em janeiro deste ano.

No ano passado com o pagamento do auxílio emergencial o BC detectou aumento nos depósitos e no estoque aplicado em caderneta. Esse benefício combinado com a necessidade de agir com prudência e formar uma reserva financeira em meio à pandemia parecem explicar em boa dose o crescimento do saldo.

Outras aplicações podem pagar mais

A caderneta de poupança atrai o investidor pela sua tradição, pela sensação de segurança que transmite, pela simplicidade na movimentação, pela isenção de imposto. E também porque permite saques a cada 30 dias, sem prejuízo da remuneração.

Mas ela decepciona em termos de retorno. Ela vai render até o dia 5 de maio, dia de reunião do Comitê de Política Monetária, um rendimento de 1,93% ao ano ou 0,16% ao mês. Em maio, a perspectiva é de que a poupança pague uma rentabilidade mais encorpada com nova alta da Selic, que deve ir para 3,50%.

No entanto, o mercado oferece opções tão seguras como a caderneta, porque são cobertas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para depósitos de até R$ 250 mil.

São CDB, Letras do Crédito Imobiliário (LCI) que oferecem liquidez diária, quer dizer, que permitem retiradas todo dia.

Esses papeis estão pagando de 98% a 101% do CDI. Os CDBs, mesmo com imposto de renda, oferecem retorno líquido ligeiramente acima da caderneta. As LCI não têm imposto e também pagam mais que a caderneta. Portanto combinam melhor rentabilidade com alta liquidez.

Por isso, não há motivos para permanecer na caderneta de poupança com o menor dos rendimentos em renda fixa.

Última modificação em 26/07/2022 22:49

Regina Pitoscia

Foi colaboradora das revistas Exame, Cláudia e Nova. Formada em jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP, cursou Extensão Universitária em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) São Paulo e na Faculdade de Economia e Administração da USP, Extensão Universitária em Mercado de Capitais e Finanças Pessoais no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Máster em Varejo pela FIA-USP. Recebeu Prêmio Esso de Jornalismo/Economia, de 1989, com reportagem “Seu Fundo de Garantia pelo Ralo”. Atuou como editora dos Cadernos de Finanças Pessoais: “Seu Dinheiro” no Jornal da Tarde, “Suas Contas” e “Fundos & Cia” no Estadão.

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