Juros Reais Negativos: como investir quando a inflação ultrapassa o CDI

Quando o aumento de preços também pode levar a perder dinheiro mesmo em investimentos é preciso entender as alternativas e realizar eventuais mudanças na carteira.

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Se você vem acompanhando o noticiário de economia, deve estar ouvindo com frequência o termo “Juros Reais Negativos”. O que ele significa? 

Atualmente o cenário é de juros baixos, e a Selic está em sua mínima histórica, 2%. Como a taxa serve de parâmetro para alguns investimentos, a sua queda, por si só, já afeta o comportamento de indexadores como o CDI e o IPCA. 

Vamos a um exemplo relacionado ao CDI. Se a taxa está em 2% e você investiu em um CDB que paga 100% do CDI, então receberá um retorno bruto próximo dos 2%. Se a Selic sobe para 3%, por exemplo, seu retorno também aumenta. 

Mas e quando a inflação supera o CDI? É neste cenário que acontecem os Juros Reais Negativos. Ou seja, quando o aumento dos preços é maior que a taxa de juros paga para quem investe em aplicações que a têm por base. Na prática, portanto, os juros pagos para o investidor acabam sendo negativos.

“Ter um rendimento abaixo da inflação é, literalmente, perder dinheiro. É fazer com que o seu dinheiro não renda o mínimo para compensar o aumento dos preços na economia.”, explica Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb.

 

Situação de Juros Reais Negativos é inusitada

 

Historicamente, uma situação de Juros Reais Negativos não é comum. Isso porque nos últimos 10 anos, a inflação sempre ficou menor que o CDI. Neste cenário, o aumento de preços simplesmente abocanha os ganhos de alguns investimentos. 

A poupança, por exemplo, obedece a uma regra que determina que com a Selic abaixo de 8,5% ao ano, a caderneta terá rendimento equivalente a 70% da Selic. Ou seja, 70% de 2% ao ano. Se descontada a inflação prevista para 2020, que é de 2,65% conforme o último relatório Focus, é fácil perceber como o rendimento real acaba ficando negativo.

Imagem: reprodução / unsplash

O que fazer neste cenário?

 

O cenário de Juros Reais Negativos exige um pouco mais de flexibilidade e diversificação por parte do investidor. O objetivo é conseguir ao menos manter o seu poder de compra. 

Em alguns casos, porém, será preciso priorizar a liquidez em detrimento do lucro. Uma reserva de emergência, por exemplo, continua tendo que estar em investimentos líquidos e de pouco risco, por isso provavelmente o investidor continuará tendo que lidar com Juros Reais Negativos para conseguir manter o patrimônio em segurança e o dinheiro em mãos caso precise.

Fora da reserva de emergência, em renda fixa vale a pena observar alternativas como investimentos indexados ao IPCA ou ao IGP-M, como CDBs e títulos do Tesouro Direto. “O investimento em renda fixa atrelado a esses índices traz uma grande segurança porque estará sempre acima da inflação, desde que o componente prefixado do investimento seja positivo. De todas as opções, é a alternativa mais segura para se proteger da inflação e a melhor para superar o IPCA”, aponta Pascowitch.⠀

Analistas também vêm sugerindo atenção às alternativas em crédito privado, que têm pago mais. Ainda assim, é preciso avaliar os riscos. 

Os mais arrojados também podem separar parte da carteira para o investimento em renda variável, fundos e outros investimentos alternativos. Tudo depende de seu perfil de investidor, objetivos e prazo de retorno.

Última modificação em 28/07/2022 21:24

Janaina Gimael

Jornalista, educadora financeira e contadora de histórias. Tem especialização em economia para jornalistas, terapia financeira e psicologia econômica. É articulista do Dinheirama e já passou por empresas como Bloomberg, Patagon, Agência Dinheiro Vivo e Nubank. No insta: @janaina.dimdim

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