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Títulos do Tesouro Direto, uma proteção ao investidor contra a inflação

Papeis que protegem da alta de preços foram os mais procurados em fevereiro, segundo dados do Tesouro Direto.

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Os investidores do Tesouro Direto estão preocupados com a inflação. Uma indicação disso está no aumento de interesse pelos títulos que protegem contra a alta de preços, como os indexados à inflação.

De acordo com dados do Tesouro Nacional, os títulos mais procurados na plataforma do Tesouro Direto no mês passado foram os indexados à inflação, como o Tesouro IPCA, com participação de 41,2% nas vendas.

 Com isso, o título indexado à Selic, o Tesouro Selic, que vinha sustentando a liderança da preferência dos investidores, caiu para o segundo lugar, com uma fatia de 33,5% do total de títulos vendidos na plataforma.

Os títulos com juros prefixados, o Tesouro Prefixado, ocupou o terceiro lugar entre os mais demandados na plataforma, que possibilita a compra, pela internet, de títulos públicos pelo investidor pessoa física.

A perda de liderança nas vendas pelo Tesouro Selic ocorreu em um mês que seu indexador, a Selic, ainda rodava em 2% ao ano. A elevação da taxa básica para 2,75% desde o dia 17 deste mês aumenta ligeiramente a rentabilidade desse papel. Não o suficiente, contudo, para fazer frente à inflação, estimada entre 5% e 6% pelos analistas e economistas do mercado financeiro.

O rendimento dos títulos do Tesouro com a alta da Selic

Papeis que acompanham a inflação e os juros - Tesouro Direto

O Tesouro Selic é indicado em cenário de alta dos juros, como no momento. Mas, dado o atraso da Selic em relação à inflação, o que se traduz em rendimento negativo, a retomada de alta não anima os investidores. Ainda que o Banco Central já tenha sinalizado nova elevação de 0,75 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, em maio. Parte dos analistas, porém, já passa a prever uma alta superior, de até 1 ponto.

O título que liderou a preferência dos investidores em fevereiro, o Tesouro IPCA, não acompanha a elevação dos juros. A proteção contra a inflação nesse título vem da correção monetária, de acordo com a inflação oficial. A correção monetária é uma parte do rendimento que tem ainda juro prefixado, que o investidor fica sabendo na hora de comprar o título.

Na terça-feira, 24, o Tesouro IPCA para vencimento em 15 de agosto de 2026 ofereceu juro de 3,59% mais correção monetária pelo IPCA.

Riscos com prefixados

O Tesouro Prefixado com vencimento para julho de 2024 ofereceu uma prefixada taxa de 8,13% ao ano.

É uma taxa que já vem embutida no título e não muda até o vencimento, mesmo que os juros subam ou caiam nesse período. É também uma taxa nominal prefixada bruta. Quer dizer, o investidor que comprar esse papel  ganha se a inflação a cada ano ficar abaixo de 8,13%. Se ficar acima, tem prejuízo, porque a rentabilidade ficará negativa.

Especialistas consideram contraindicada a compra de um papel desses em um momento que crescem as incertezas em relação à tendência da inflação e ao comportamento da economia de modo geral

Os títulos com juros prefixados, de acordo com especialistas, são indicados apenas para o investidor que pode permanecer com o dinheiro aplicado no papel até o vencimento. Do contrário, não receberá o rendimento previsto no título. Para evitar perdas com resgate antecipado, o dinheiro a ser investido não pode estar amarrado a compromissos antes do vencimento do título.

Última modificação em 26/07/2022 22:47

Regina Pitoscia

Foi colaboradora das revistas Exame, Cláudia e Nova. Formada em jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP, cursou Extensão Universitária em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) São Paulo e na Faculdade de Economia e Administração da USP, Extensão Universitária em Mercado de Capitais e Finanças Pessoais no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Máster em Varejo pela FIA-USP. Recebeu Prêmio Esso de Jornalismo/Economia, de 1989, com reportagem “Seu Fundo de Garantia pelo Ralo”. Atuou como editora dos Cadernos de Finanças Pessoais: “Seu Dinheiro” no Jornal da Tarde, “Suas Contas” e “Fundos & Cia” no Estadão.

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Tags: inflação