Economia

Ata do Copom mostra como decisão de subir os juros mexe com seu dia a dia

Divulgada nesta terça-feira pelo Banco Central, ata da última reunião, informa motivos e preocupações do governo para decisão da semana passada e dá pistas dos próximos passos que podem afetar consumidores

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Os juros devem subir no início de maio, o crediário vai ficar mais caro e o desemprego tende a continuar em níveis elevados. São sinalizações que podem ser depreendidas da Ata do Copom, divulgada hoje.

Ata do Copom

A expectativa é a de que o juro básico da economia, que hoje está em 2,75% ao ano, suba mais 0,75 ponto e alcance o nível de 3,50% ao ano no dia 5 de maio, quando o Copom se reúne para divulgar a nova Selic.

Esse aumento só não vai acontecer se as projeções de inflação caírem significativamente. O governo se vê obrigado a elevar os juros quando a inflação mostra com fôlego para arrancar além do desejado.

Por isso são fixadas metas de inflação para o ano, e sempre que os números ameaçam escapulir dos limites fixados, para cima ou para baixo, os juros precisam subir.

A meta de inflação para este ano não pode passar de 4,25%, nem cair abaixo de 3,0%. Portanto, o centro da meta para 2021 está em 3,5%. Só que as projeções do mercado já mostram uma alta dos preços, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,71% para este ano. E é preciso colocar esses números dentro dos limites.

As taxas mais elevadas esfriam o consumo não apenas porque tornam o crediário mais caro, mas também porque o consumidor se sente mais estimulado a aplicar o dinheiro para obter um rendimento que vai ficando mais interessante na renda fixa.

Nas entrelinhas da ata

Além de olhar a inflação, o Copom também olha como está a atividade econômica no País. Uma arrancada dos juros mais forte e em pouco tempo pode prejudicar e travar ainda mais a economia. As autoridades monetárias entenderam que houve uma recuperação econômica acima do esperado, havendo espaço para nova elevação dos juros.

Como já constou no comunicado da decisão, o BC repete na ata desta terça-feira que o Copom decidiu iniciar um processo de normalização parcial, "reduzindo o grau extraordinário do estímulo monetário".

Ainda em sua análise, o Copom ponderou que, em um cenário de inflação já em alta, os riscos fiscais de curto prazo, controle dos gastos do governo, seguem elevados. E isso como consequência do agravamento da pandemia do coronavírus, perspectiva que coloca um viés de alta nas projeções de autoridade monetária para o IPCA e demais indicadores de preços.

Por tudo isso, vale a pena conhecer o conteúdo da Ata do Copom, divulgada sempre na semana seguinte à da reunião. Ela mostra como as autoridades econômicas estão enxergando o comportamento da inflação, dos juros, do câmbio, do crescimento do País e o que pretendem fazer para manter sob controle cada um desses indicadores.

Pelo cenário atual, essa perspectiva de continuidade de alta dos juros indica que devemos  continuar apertando o cinto. O desemprego tende a se manter em alta, e vai ficando cada vez mais caro comprar algo a prazo.

Ao mesmo tempo, as aplicações em renda fixa começam a remunerar um pouco melhor o dinheiro do investidor. Sem garantias, ainda de proteção total contra a inflação.

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Última modificação em 26/07/2022 23:02

Regina Pitoscia

Foi colaboradora das revistas Exame, Cláudia e Nova. Formada em jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP, cursou Extensão Universitária em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) São Paulo e na Faculdade de Economia e Administração da USP, Extensão Universitária em Mercado de Capitais e Finanças Pessoais no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e Máster em Varejo pela FIA-USP. Recebeu Prêmio Esso de Jornalismo/Economia, de 1989, com reportagem “Seu Fundo de Garantia pelo Ralo”. Atuou como editora dos Cadernos de Finanças Pessoais: “Seu Dinheiro” no Jornal da Tarde, “Suas Contas” e “Fundos & Cia” no Estadão.

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