Câmara pode aprovar 400 novos municípios

Estudo estima que apenas os novos municípios que serão criados no curto prazo irão consumir cerca de R$ 10 bilhões mensais.

O Brasil poderá ter até mais 400 prefeitos, igual número de vice-prefeitos e ao menos 3.600 vereadores, se o plenário da Câmara aprovar e o presidente da República sancionar projeto de lei que autoriza a criação de novos municípios. Com urgência aprovada na semana passada, a matéria está na pauta de votação de hoje (22). E será alvo de pressão de cerca de 5.000 prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de todo o País. O grupo participa nesta semana da XXI Marcha de Defesa dos Municípios, promovida pela Confederação Nacional de Municípios, maior entidade municipalista do País, que defende aprovar o texto.

Há estimativas conflitantes sobre o custo da expansão da máquina municipal prevista no projeto, que pode ter um aumento de até 7% nos atuais 5.570 municípios, segundo projeção do governo. Os defensores da proposta afirmam que podem ser criados apenas entre 180 a 200 municípios e, se chegar a 400 municípios, o custo ficará em torno de R$ 500 milhões. Com base em estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), estima-se que apenas os novos municípios que serão criados no curto prazo irão consumir cerca de R$ 10 bilhões mensais.

Há estimativas do governo de que a criação dos novos municípios represente um impacto de R$ 9 bilhões com a repartição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). "A criação dos municípios novos é totalmente inoportuna em função do País estar vivendo uma situação de déficit fiscal de R$ 139 bilhões, previsto para esse ano, e da própria difícil situação política", disse ao DCI o economista Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas. De acordo com o especialista, a aprovação da matéria pode ocorrer em função de uma pressão política exercida pelos prefeitos que estarão em Brasília.

Municípios em criaçãoBaixos salários nos municípios

Para o Observatório de Informações Municipais, que assessora prefeituras e câmaras legislativas, no máximo, os 400 municípios deverão causar um impacto de R$ 500 milhões por ano. Para o gestor do Observatório, François Bremaeker, o movimento a favor da criação de novos municípios é legítimo porque, em tempo de crise, os prefeitos concentram investimentos nas sedes municipais e esquecem os distritos. "Essa despesa adicional é muito pouca se comparada ao fato de que em 2017 a receita dos municípios girou em torno de R$ 600 bilhões", afirmou Bremaeker, levando em conta que os salários do funcionalismo serão baixos em municípios que irão surgir a partir de pequenos distritos.

Autor da proposta original, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) destacou que o projeto, beneficiará áreas que não têm a presença do poder público em razão das longas distâncias. Brasileiros que sofrem por se encontrarem em localidades onde a administração municipal é quase zero, em razão das longas distâncias, em especial, da região amazônica. Mostraram sua força ao lotar a sala para a votação da urgência do nosso projeto , disse o senador. Segundo a deputada Flávia Morais (PDT-GO), presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio à Revisão Territorial dos Municípios, há pelos menos 40 distritos nessa situação. "Aqui em Goiás, temos exemplo próximo, no DF, como o Jardim Ingá de Luziânia, um distrito com 90 mil habitantes, com condições de ter administração própria", disse Flávia, acrescentando que a situação se repete em todos os Estados.

Para ser aprovado, o projeto precisa de ao menos 257 votos. Na votação do caráter de urgência, foi aprovado por 337 votos contra 36. "Sou contra a criação de mais municípios. O que precisamos não é de mais vereadores e mais cargos comissionados e sim é que se apliquem esses recursos para melhorar nossos serviços públicos, como Saúde e Educação ", disse ao DCI o senador Reguffe (Sem-Partido/DF)

Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Mais detalhes