Drones começam a entrar no do dia a dia dos brasileiros

Consumidor tem sido atraído principalmente pela possibilidade de fotos em viagens sob ângulos mais amplos

Não tem mais volta: os drones chegaram para ficar. De acordo com os dados mais recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), já são mais de 78,4 mil registrados em todo o território. Desses, aproximadamente 61,1% são para uso recreativo.

“Até quatro anos atrás as pessoas só procuravam treinamento para fins comerciais, para fazer fotos profissionais e coisas do tipo”, diz Ricardo Leonel, especialista no setor que já treina pessoas para uso de drones recreativos. “São pessoas que querem usar o drone para fazer fotos de viagens, para brincar ou apenas usar com as crianças”.

Uma delas é o paulista Ricardo Oliva Pereira, administrador natural de Capivari, no interior de São Paulo. “Viciado em viagens”, como ele próprio se autodenomina, resolveu comprar um drone em 2019 para filmar trechos de sua viagem na Amazônia e fez o curso de uso com Leonel. Vale lembrar que é obrigatório para drones de classe 1 (veja abaixo).

“Faço gravações com um drone Mavic Pro para mim e para minha família”, conta o administrador. “Não tenho interesse em profissionalizar, em fazer qualquer coisa para ganhar dinheiro. Vi as possibilidades com um drone em uma viagem, que vai muito além de uma GoPro, por exemplo, e me encantei. Tenho registros mais interessantes de viagens hoje”.

Barreiras dos drones

Para especialistas consultados pelo DCI, o uso de drones só não deslanchou mais no Brasil por causa de dois entraves: o preço, que caiu nos últimos anos, mas continua alto na venda direta; e algumas burocracias necessárias para garantir a segurança do piloto do drone e das pessoas que transitam  em terra. 

Sobre o primeiro problema é só checar o preço de modelos voltados para o público em geral. O DJI Mavic Pro, que é o modelo usado por Pereira, sai em média por R$ 8 mil. Outros drones de Classe 3, que ficam entre 250 gramas e 25 quilos, como Phantom 3 e Phantom 4, não saem por menos de R$ 4 mil. Portanto, não é um produto acessível para todos os públicos.

Foto de praia feita por drones
Foto: ricardo oliva

“Quando você vai comprar um bom drone, precisa investir em um bom modelo. Se comprar um que custa R$ 500, R$ 800, o aparelho vai embora no primeiro vento mais forte”, comenta Péricles Batista, instrutor de drones no Rio de Janeiro. “Com isso, quem não tem dinheiro para um modelo superior, pode se frustrar e acabar deixando essa atividade pra lá”.

Além disso, há as responsabilidades da categoria. O drone precisa estar registrado na Anac e no Sistema de Aeronaves não Tripuladas. Também é preciso ter seguro com cobertura de danos a terceiros, avaliação de risco operacional, fixar a identificação do drone do cadastramento no equipamento, e, ainda, restrições de voo - no mínimo distante 30 metros das pessoas.

Já quem quer um drone mais robusto, com peso máximo de decolagem maior que 150 kg, é preciso ter habilitação. “São medidas necessárias para garantir a segurança. Afinal, não é seguro ter um aparelho tão pesado circulando no ar sem nenhuma proteção”, diz Leonel, ao DCI. “No entanto, de novo: quando a pessoa vê todas essas obrigações, pode só desistir”.

Proximidade com o brasileiro

Hoje, Ricardo Leonel e Péricles Batista contam que já treinaram pessoas para várias finalidades. “Teve um cara, uma vez, que ouvia algum bicho andando no telhado durante a noite. Ele comprou um drone com uma câmera excelente, fez o treinamento e começou a usar o aparelho para ficar só olhando o telhado. Virou referência na vizinhança”, diz Leonel.

Além disso, algumas empresas começam a familiarizar o brasileiro com o uso de drone. Em setembro de 2020, o iFood fez a primeira entrega de uma refeição, em Campinas, com um aparelho específico para isso. Além disso, a Ambev também começou a fazer entregas de bebidas com drone em Jaguariúna. O usuário pede e o drone coloca a bebida na porta.

“Estamos naquele tradicional processo de popularização. É lento? Com certeza. É caro esse começo? Também. Mas é uma inovação que não tem volta”, diz Péricles Batista ao DCI. “Acredito que, daqui alguns anos, vamos ter drones bem mais baratos e essa burocracia, um pouco chata hoje, vai ser mais digital, mais simples. E vai ter drone no céu”.

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