Entenda por que os títulos do governo se valorizaram

Oferecidos na plataforma online do Tesouro Direto, todos os papeis com juros prefixados registraram ganhos em abril

A queda dos juros futuros, com a redução da percepção de risco fiscal após a aprovação do Orçamento 2021, está sendo positiva para os títulos públicos ofertados na plataforma do Tesouro Direto. Todos os títulos com juros prefixados tiveram valorização em abril.

O aumento no valor foi consequência de movimento conhecido, no jargão do mercado financeiro, como perda de inclinação ou fechamento da curva de juros, uma referência ao que poderá ser a trajetória da taxa de juros em determinado período de tempo. Quando os juros de contratos para vencimento futuro recuam, os títulos já emitidos e em circulação, em poder do investidor, se valorizam, porque as taxas que embutem, para os respectivos prazos de vencimento, passam a rodar acima dos juros negociados em contratos no mercado futuro.

De acordo com os analistas da XP Investimentos, em abril foi a primeira vez no ano que todos os títulos do Tesouro Direto se valorizaram, com a perda de inclinação dos juros futuros em relação a março. A causa foi a diminuição da pressão sobre os juros com a aprovação do Orçamento 2021, que reduziu as incertezas em relação ao risco de desarranjo fiscal, e a queda dos juros do Treasury, o principal título do Tesouro americano.

A valorização do título público no mercado secundário, onde esses papeis trocam de mãos – uns vendendo e outros comprando –, é materializada  como lucro apenas se o investidor vender o papel no momento que estiver valorizado. Se em vez de passar para o papel para embolsar o lucro o investidor ficar com ele para fazer o resgate apenas na data de vencimento, receberá o rendimento previsto no título, independentemente da valorização que teve pelo caminho, movida pela oscilação dos juros futuros.

O resgate antecipado do título, contudo, não é recomendado pelos especialistas, que orientam a ficar com ele até o vencimento, para garantir o rendimento prometido.  Caso o resgate seja feito no meio do caminho, em um momento de desvalorização do título, o investidor receberá remuneração menor que o prevista.

Risco fiscal pode mexer com os juros dos títulos

A expectativa dos analistas é de que, apesar do ligeiro alívio em abril, o risco fiscal continue a ser ainda o principal fator de oscilação dos juros. As atenções devem continuar voltadas para o andamento do processo de vacinação e sua capacidade para conter novos casos e óbitos por covid-19, de modo que não venha a atrasar a reabertura da economia e consequentemente aprofundar o risco fiscal.

O risco fiscal está associado à reabertura da economia e à volta da atividade econômica ao normal porque o caixa do Tesouro tem como principal fonte de recursos as receitas provenientes de recolhimento de impostos. Quando a atividade cai, a arrecadação de impostos também cai e menos dinheiro entra no caixa do governo, agravando a situação de desequilíbrio das contas públicas.

Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Mais detalhes