Tik Tok Traders: a ascensão dos gurus financeiros da Geração Z no Brasil

Nos últimos anos, o Brasil viu surgir uma mudança surpreendente e poderosa na forma como os jovens lidam com o dinheiro. Impulsionados pela tecnologia e pelo acesso facilitado à informação, muitos têm buscado alternativas inovadoras para gerenciar suas finanças, como o uso de aplicativos de controle de gastos, investimentos em criptomoedas e até mesmo jogos, como jogo da fruta, que simulam decisões financeiras reais.
Já não é comum aprender sobre finanças apenas com os pais ou através de livros longos de economia. Em vez disso, uma nova geração está encontrando um caminho muito mais acessível e envolvente — o TikTok. Nessa plataforma, jovens brasileiros estão aprendendo a investir, economizar e construir patrimônio, tudo isso em vídeos que muitas vezes duram menos de um minuto. O mais curioso é que quem está dando esses conselhos não são economistas tradicionais ou consultores financeiros. São criadores da geração Z, muitos ainda no ensino médio ou na faculdade, que se tornaram influenciadores financeiros com centenas de milhares de seguidores. Essa ascensão dos “TikTok Traders” está mudando a forma como o Brasil fala sobre dinheiro e pode transformar o cenário financeiro do país nos próximos anos.
O poder de um vídeo curto
Pode parecer estranho que a educação financeira esteja acontecendo em uma plataforma conhecida por dancinhas e memes, mas é exatamente isso que a torna tão eficaz. O TikTok é feito para chamar atenção rapidamente. Seus vídeos curtos são perfeitos para simplificar temas complexos. Para uma geração criada na internet, aprender por meio de vídeos é mais natural do que ler um livro pesado ou assistir a uma aula tradicional.
Criadores do TikTok usam uma linguagem simples, visuais claros e exemplos do dia a dia para explicar como começar a investir, o que é uma ação ou como evitar dívidas. Esse tipo de conteúdo é não só mais fácil de entender, como também mais próximo da realidade. Quando jovens veem pessoas da mesma idade falando de finanças com naturalidade e confiança, sentem-se motivados a tentar também.
Por que a Geração Z está tão Interessada em finanças
A geração Z no Brasil cresceu em tempos de instabilidade econômica, alta da inflação e incertezas no mercado de trabalho. Muitos viram seus pais enfrentarem dificuldades financeiras e perceberam que, se quiserem um futuro diferente, precisam entender de dinheiro desde cedo. Ao contrário das gerações anteriores, que pensavam em economizar e buscar um emprego estável, os jovens de hoje estão mais focados em independência e empreendedorismo.
Eles não esperam chegar aos 30 para pensar em investimentos. Começam a explorar o mundo das finanças ainda adolescentes ou no início da vida adulta. As redes sociais facilitaram esse processo. Com alguns toques na tela, dá para aprender a montar um orçamento, entender criptomoedas ou acompanhar a bolsa brasileira. Esse acesso rápido a informações financeiras está transformando estudantes curiosos em investidores confiantes.
Os rostos por trás das finanças
Uma das partes mais interessantes desse movimento dos TikTok Traders no Brasil é a diversidade dos criadores que lideram essa onda. Não são especialistas com diplomas em economia. Muitos são estudantes, recém-formados ou autodidatas que descobriram a paixão por finanças durante a pandemia.
O que todos têm em comum é a capacidade de se comunicar de forma autêntica e envolvente. Alguns focam em dicas básicas de economia doméstica, outros abordam temas mais profundos como a bolsa B3 ou tendências em criptomoedas na América Latina. Como são jovens, esses influenciadores falam com naturalidade, usam gírias, fazem piadas e compartilham suas histórias pessoais. Isso faz com que o conteúdo pareça um conselho de amigo, e não uma palestra. Os seguidores se sentem próximos deles, e essa conexão gera confiança.
Riscos e realidades
Claro que nem tudo é positivo nesse cenário. Existem riscos sérios quando jovens seguem conselhos financeiros de colegas em vez de profissionais. Alguns criadores do TikTok simplificam demais assuntos complexos ou incentivam investimentos arriscados sem explicar os perigos. No Brasil, onde a educação financeira nas escolas ainda é fraca, isso pode levar a decisões ruins. Outro problema são os golpes. Alguns influenciadores estão mais interessados em ganhar seguidores e fechar parcerias comerciais do que realmente ajudar. Isso tem gerado preocupações entre especialistas e órgãos reguladores, que temem a disseminação de informações enganosas. Ainda assim, para muitos jovens brasileiros, os benefícios de ter algum tipo de educação financeira — mesmo que pelas redes sociais — superam os riscos. Eles estão se tornando mais conscientes e tomando atitudes para garantir um futuro financeiro mais seguro, algo que já representa uma grande mudança em relação às gerações anteriores.
O Impacto nas Finanças Tradicionais
Bancos e instituições financeiras no Brasil estão atentos ao que está acontecendo no TikTok. Alguns já começaram a criar seus próprios perfis e conteúdos nas redes para se conectar com o público jovem. Outros estão fazendo parcerias com influenciadores para divulgar contas digitais, plataformas de investimento ou cartões de crédito. Isso mostra o quanto o mercado está mudando.
Os jovens não querem enfrentar burocracias nem esperar horas em filas. Eles buscam soluções rápidas, digitais e que possam controlar pelo celular. Como resultado, os bancos estão sendo obrigados a se modernizar e a se comunicar de forma mais clara. Isso representa um avanço enorme para a inclusão financeira. Pessoas que antes se sentiam excluídas do sistema estão agora encontrando formas de participar — e tudo começa com um vídeo curto.
O Futuro das finanças no Brasil
A ascensão dos TikTok Traders no Brasil é muito mais do que uma moda passageira. É um sinal claro de que a geração Z está mudando as regras do jogo financeiro. Com o celular na mão e sede de conhecimento, eles estão construindo seu próprio futuro financeiro de forma rápida, divertida e pessoal. Ainda há desafios, especialmente em garantir que as informações sejam corretas e seguras, mas o impacto geral é inegável. A geração Z está assumindo o controle do próprio dinheiro mais cedo do que qualquer outra, e fazendo isso do seu jeito. O futuro das finanças no Brasil não será decidido apenas em reuniões de executivos ou salas de aula — ele também será moldado por vídeos de 60 segundos assistidos no ônibus, na hora do almoço ou na madrugada. E essa é uma revolução que vale a pena acompanhar.