
As dívidas provenientes do cartão de crédito são o maior problema dos consumidores brasileiros. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), de 2018, 77,4% das famílias endividadas no Brasil tem em comum esse mesmo vilão. Os juros médios do cartão de crédito chegaram a 333,9% em fevereiro, segundo o Banco Central (BC).
Ou seja, o cartão de crédito pode ser perigoso, se não usado com cautela. Contudo, esse problema de endividamentos é recorrente no país. Por isso, o DCI conversou com a consultora financeira Lavínia Martins para dar algumas dicas sobre como se livrar da divida do cartão de crédito e não fazer outras.
Por que o cartão de crédito é perigoso?
Além dos juros do cartão resultarem nas maiores taxas do Brasil, o cartão oferece outros perigos na hora de usar. Lavínia aponta que o limite do cartão costuma ser duas ou três vezes maior que a renda da pessoa. Por isso, o consumidor deve sempre lembrar que “o cartão não é uma extensão do salário, ele é um instrumento de crédito.” E que “crédito é divida, é crédito para quem empresta, mas é divida para quem está pegando emprestado.” O maior problema do cartão, segundo a consultora, é que as pessoas usam o cartão e esquecem as dividas que elas já fizeram. Portanto, vão parcelando e acumulando dividas.
Além disso, muitas vezes as pessoas não se endividam apenas com as contas do cartão de crédito. Mas também fazem outras dividas, como financiamentos de carros ou imóveis. O que no final gera um montante enorme a ser pago. “Essas dívidas acumuladas fazem com que as pessoas percam o controle.” aponta Lavínia.
Como se livrar da divida de cartão de crédito?
A primeira coisa a se fazer, aponta a especialista, é “colocar o cartão na gaveta e esquecer ele em casa” para não usa-lo mais. Se a pessoa já está endividada e precisa pagar as parcelas da divida, ela deve parar de gastar para evitar aumentar esse déficit. Com o cartão em mãos pode ser difícil evitar os gastos extras, por isso, o melhor é não usa-lo mais nas compras.
Em seguida, ela aconselha a “trocar uma divida cara por uma mais barata”. Isso quer dizer tomar um empréstimo em um banco para pagar toda a divida com a administradora do cartão. Dessa forma, você vai ter que pagar o crédito, mas com juros menores do que os anteriores. “É uma forma de reduzir o custo da divida. Em vez de pagar a administradora do cartão, você paga o banco.”, ela aponta.

Fazer um planejamento
A especialista analisa que é preciso ter um planejamento de gastos e saber como e quando usar o cartão de crédito. “Por exemplo, se a pessoa usa o cartão para fazer todos os pagamentos, ela não deve usar outro meio de pagamento.” ela aponta. Pois senão a pessoa pode ficar sem meios para pagar outras contas.
Outra dica é entender a fatura, pois a despesa com o cartão pode ser uma divida apenas com a administradora do cartão. Mas dentro da fatura há outras dividas, com lojistas ou emprestadores de serviços, por exemplo. Por isso, Lavínia aconselha as pessoas a entenderem seus gastos e como eles estão sendo feitos. Pois a regra principal para não ter dividas é não fazer gastos que ultrapassem o orçamento ou a renda mensal da pessoa.
Usar com cautela
Por fim, é preciso ter cautela quando for usar o cartão. Além de se planejar é necessário pensar os gastos e ter cuidado com os parcelamentos. Porque as parcelar é deixar a divida para o mês que vem, ou seja, comprometer a renda futura. Portanto, é preciso planejar o consumo e analisar se os gastos cabem no orçamento e se são necessários no momento para evitar futuras dividas com o cartão de crédito.