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O Dilema das Redes: 5 coisas que você precisa saber sobre as mídias sociais

Em documentário lançado pela Netflix, o diretor Jeff Orlowski expõe segredos e levanta uma discussão polêmica sobre as estratégias de manipulação das redes sociais.

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O documentário O Dilema das Redes vem causando muita discussão desde que entrou para o catálogo da Netflix há cerca de um mês. O filme, que tem a direção de Jeff Orlowski, faz um alerta sobre o perigo do uso das redes sociais e seus efeitos sobre a sociedade.

Para isso, conta com depoimentos de especialistas em tecnologia e estudiosos de áreas como psicologia. Mas seu grande trunfo são as revelações de ex-funcionários de Google, Facebook, Twitter, Instagram e YouTube. Eles detalham as estratégias das empresas para manipular bem como viciar os usuários. O resultado são questões como ameaças à democracia, extremismos políticos e desinformação.

O Dilema das Redes mostra, além disso, como cada passo dentro do universo on-line é observado e rastreado. Assim, as companhias usam as informações para prever o comportamento humano e estimular suas decisões, sobretudo voltadas para gerar cada vez mais lucro.

 

5 coisas importantes que você precisa saber sobre as redes sociais

Imagem: divulgação / netflix

 

Como funciona o modelo de negócio das redes sociais

 

Em uma das entrevistas de O Dilema das Redes, Tristan Harris, ex-designer do Google, diz que “se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”. A frase tem a ver com o modelo de negócio das empresas de internet.

Isso porque as plataformas podem até ser gratuitas, mas seus donos não figuram entre os maiores bilionários do mundo à toa. Ou seja, de acordo com o filme, existe, sim, um preço a se pagar por elas. A mercadoria é simples: a atenção do usuário. Na prática, isso significa mantê-lo conectado pelo maior tempo possível.

É por isso que as redes sociais são recheadas de reproduções automáticas e publicações sugeridas. Assim, é mais fácil vender anúncios. E não estamos falando de qualquer anúncio. Afinal, elas monitoram as jornadas virtuais justamente para transformar dados em propagandas pensadas especialmente para cada pessoa.

 

O Dilema das Redes: como elas viciam os usuários

 

Dizer que as redes sociais viciam pode parecer exagero, mas, de acordo com o executivo John Matze, é isso que elas fazem. “Os únicos que chamam clientes de usuários são redes sociais e traficantes de drogas”, diz o criador da plataforma Parler.

Com o intuito de prender a atenção das pessoas, as empresas criam ferramentas cada vez mais inteligentes. Tudo nas mídias é desenhado com esse objetivo, da escolha das cores até a disposição das informações na tela. Nada está ali por coincidência.

É o caso das notificações e da rolagem automática. O recurso torna a vivência na rede quase infinita. Por outro lado, curtidas e comentários são essenciais para estimular a interação entre as comunidades. Ao mesmo tempo, aumentam a dependência dos usuários.

O efeito bola de neve é lucrativo para os donos das redes sociais, visto que mais pessoas consomem seus anúncios enquanto passam mais horas conectadas.

 

Psicologia aliada à tecnologia

Imagem: reprodução / unsplash

 

Durante seus mais de 90 minutos, O Dilema das Redes escancara como as big techs manipulam as emoções dos usuários. De acordo com os especialistas, o que elas fazem é usar recursos de psicologia a seu favor.

O sistema de recompensas é o mais famoso. É por isso que curtidas e comentários positivos são tão importantes, pois geram sensação de bem-estar. Ou seja, elevam os níveis de dopamina, hormônio que regula diferentes funções do organismo, inclusive o prazer e o humor.

O problema é que, como resultado, muitas pessoas se tornam dependentes tanto da exposição de suas vidas quanto da validação alheia. Isso pode levar a quadros de ansiedade e depressão.

Entre as dicas sugeridas pelo filme para escapar desse cenário estão desabilitar todas as notificações do celular e não assistir a vídeos sugeridos ou clicar em anúncios.

 

Ausência de regulamentação nas redes sociais

Quando se fala em publicidade, a maior parte das mídias conta com regulamentação própria. Assim como acontece com a televisão. No entanto, as redes sociais ainda engatinham nesse sentido.

De acordo com o documentário, os efeitos da exposição aos anúncios podem ser desastrosos, sobretudo para o público infanto-juvenil. Em dado momento, o psicólogo social Jonathan Haidt faz uma chocante relação entre o aumento de casos de depressão e ansiedade entre crianças e adolescentes e a popularização das redes sociais.

Além disso, nos últimos anos, houve também aumento expressivo do número de suicídios entre esse público. Nos Estados Unidos, essa se tornou a segunda principal causa de mortes dos 12 aos 18 anos, perdendo apenas para os acidentes. Por isso, o filme aconselha controle sobre o uso das redes sociais e acesso somente a jovens acima dos 16 anos.

 

O fenômeno das fake news é um dilema das redes

Outro ponto negativo que O Dilema das Redes elenca é o crescimento da desinformação. As chamadas fake news se propagam seis vezes mais rápido que notícias verdadeiras. Os dados são do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

O documentário alega que isso é reflexo direto de sistemas que privilegiam notícias falsas porque são muito mais lucrativas. A situação pode ser crítica, principalmente em situações como a pandemia do Coronavírus e períodos de eleição. Para os executivos, a polarização política e as notícias falsas ajudaram a eleger líderes populistas, como o presidente Jair Bolsonaro.

 

Facebook diz que ‘Dilema das Redes’ é sensacionalista

 

Depois da repercussão de Dilema das Redes, o Facebook decidiu apresentar sua resposta. Assim, publicou, em seu site oficial, uma carta em que chama o documentário de sensacionalista. Além disso, diz que o filme distorce a forma como as redes sociais funcionam.

O documento gira em torno de sete temas principais. Entre eles estão vício no uso das redes, algoritmos, eleições e desinformação. A empresa rebate as críticas e se defende das acusações que do filme.

Sim, as redes sociais têm problemas, admite o Facebook. A carta se refere à posição da rede, em 2016, durante a eleição de Donald Trump e do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia. Nas duas ocasiões a plataforma serviu como palco para informações falsas e interferências.

No entanto, a carta diz que O Dilema das Redes não abre espaço para explicar o trabalho e as medidas da empresa para combater tais questões. Além disso, alega que seus produtos e algoritmos não têm o propósito de viciar os usuários. O Facebook informa ainda que já fez mudanças em prol da privacidade das pessoas e que investe na luta contra as fake news.

Última modificação em 29/07/2022 07:43

Andreia Brasil

Jornalista e produtora de conteúdo. Gosta de dançar com as palavras, sejam elas escritas ou faladas. Adora cachorros e acredita que a vida é uma grande e intensa aventura.

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