Banco Central revisa fluxo cambial e dado fica negativo: o que isso significa?

Após correção divulgada nesta quinta, 26, dados do fluxo cambial brasileiro apontaram uma saída líquida de US$ 3,233 bilhões

Na última quinta-feira, 26 de janeiro, o Banco Central (BC) revisou os dados históricos do fluxo cambial de moeda estrangeira, ou seja, a quantidade de dólares que entram e saem do Brasil. Antes da revisão, o BC informou que, em 2022, houve uma entrada líquida de US$ 9,574 bilhões; depois de revisar, corrigiu a informação afirmando que, em vez de uma entrada, ocorreu uma saída líquida de US$ 3,233 bilhões. Com isso, o saldo do fluxo fica negativo.

Para facilitar o entendimento, é preciso saber que “saída líquida” é quando acontece mais saída de dólares do país do que a entrada dessa mesma moeda. Isso pode acontecer por uma série de razões, como, por exemplo, quando empresas transferem seus lucros para fora do Brasil ou quando investidores estrangeiros retiram seus investimentos. Uma saída líquida pode prejudicar a economia nacional, com risco de enfraquecer o real, aumentar a inflação e desestimular o investimento internacional.

Já quando é o contrário, ou seja, quando entram mais dólares no Brasil do que saem, ocorre a chamada “entrada líquida”. Os motivos para isso podem ser os inversos aos da saída líquida: mais investidores estrangeiros podem ter direcionado seus investimentos no país e empresas podem ter registrado um maior volume de pagamentos em dólares de seus clientes ou fornecedores estrangeiros. A entrada líquida pode, então, ser positiva para a economia brasileira, pois tem como consequências possíveis o fortalecimento da moeda local e a redução da inflação.

No caso, o cálculo refeito pelo Banco Central e divulgado ontem apresenta um cenário de saída líquida.

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Para além do fluxo cambial, como o Banco Central controla a taxa de câmbio?

Em relação ao fluxo cambial, o principal objetivo do BC é manter a inflação sob controle, ou seja, ao redor da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), evitando que situações tensas no mercado desvalorizem por completo o valor da nossa moeda.

Já a taxa de câmbio no Brasil é o valor da moeda brasileira (real) em relação à moeda americana (dólar). Essa taxa é utilizada para calcular o valor de bens e serviços, além de medir a competitividade das exportações e das importações. No Brasil, o mercado de câmbio é regulamentado pelo CMN e fiscalizado pelo BC. Este último deixou disponível, publicamente e on-line, qual sua política monetária.

O Banco Central pode intervir no mercado de câmbio para regular a oferta e a demanda e, dessa forma, evitar flutuações bruscas na taxa de câmbio. Para fazer isso, ele pode lançar mão de várias ferramentas. Cada uma delas têm lados positivos e negativos, sendo usadas pelo órgão de acordo com a saúde econômica e financeira do país.

Para exemplificar uma dessas ferramentas, devemos lembrar que o Banco Central possui dólares guardados em forma de “reservas internacionais”. Uma das ferramentas é, portanto, pegar um pouco dessas reservas e vendê-lo no mercado financeiro, o que amplia a oferta e faz a cotação cair, ou, ao menos, diminui o ritmo da alta.

Outra ferramenta, essa usada de forma mais recorrente, é chamada “swap cambial”. A palavra em inglês “swap” pode ser traduzida para “troca”. Nesse método, ocorre uma troca temporária de moedas entre o BC e os bancos comerciais. Em termos simples, o BC oferece reais para os bancos comerciais e, em contrapartida, recebe dólares, o que resulta em um aumento da oferta de dólares no mercado – que, por sua vez, tende a desvalorizar o real e diminuir a pressão inflacionária.

Quando o Banco Central deve intervir no câmbio?

O BC pode intervir no mercado cambial quando há fortes desequilíbrios na oferta e demanda de moeda estrangeira, resultando em flutuações excessivas e desordenadas na taxa de câmbio. O Banco Central também pode intervir para evitar tanto a desvalorização quanto a valorização excessiva da moeda nacional, pois a primeira pode afetar negativamente a economia e a inflação no país, enquanto a segunda pode prejudicar as exportações e a competitividade nacional.

Em termos amplos, a intervenção realizada pelo Banco Central é uma ferramentas de política monetária que tem como principais objetivos alcançar o equilíbrio das contas externas e a estabilidade dos preços.

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