Meditação Vipassana ensina a lidar com stress e ansiedade

A Vipassana é uma técnica que busca trazer o praticante para o presente, liberando-o dos sofrimentos gerados pela preocupação excessiva com o passado e com o futuro.

Vipassana significa “ver as coisas como elas são” e é uma técnica que  visa a total erradicação das impurezas mentais e o alcance da felicidade da liberação completa.

Em outras palavras, o objetivo dessa prática é treinar a concentração com o intuito de enxergar as coisas de acordo com sua verdadeira natureza, livre de nossa imaginação, convicção e crenças.

Dessa forma, se busca alcançar uma cura não apenas de doenças, mas do sofrimento humano como um todo.

 

Como surgiu a meditação Vipassana?

 

Em entrevista, a professora Macarena Infante conta que, segundo tradição, essa é uma técnica muito antiga que foi redescoberta pelo próprio Buda.

Após experimentar inúmeras técnicas de meditação na sua busca de libertação do sofrimento humano, Buda encontrou nessa prática a observação das sensações físicas no momento presente. Como resultado, ele percebeu que sua mente se limpava e o sofrimento lhe abandonava.

A Vipassana permaneceu desconhecida pela maior parte do mundo por muito tempo, tendo sido preservada por monges birmaneses.

Um dos grandes responsáveis pela sua disseminação foi o professor Satya Narayan Goenka, que entrou em contato com a técnica pela primeira vez aos 31. Goenka era um homem de negócios birmanês sofrendo com enxaquecas. Assim, procurando uma cura, entrou em contato com um professor de meditação Vipassana.

Os efeitos lhe impressionaram tanto que Goenka deixou seus negócios sob administração de familiares e entregou sua vida ao aprendizado e ensino da prática.

Até o fim da sua vida, Goeka dedicou seus dias a apresentar a Vipassana para o mundo. Quando ele faleceu, em 2013, deixou 227 centros de meditação Vipassana de sua tradição espalhados pelos 5 continentes

 

Como funciona a meditação Vipassana?

 

De acordo com a professora, as sensações se revelam uma ponte para o inconsciente, que está sempre reagindo a elas com desejo ou aversão.

Como muitas sensações são provocadas por lembranças do passado ou expectativas para o futuro, muitas vezes nosso inconsciente está reagindo a coisas que não estão mais acontecendo ou ainda não começaram a acontecer.

Assim, sofrimento surge porque, presos nessa dinâmica improdutiva, não conseguimos viver no presente. Em síntese, a prática da observação das sensações tem a intenção de trazer nosso foco para o presente, rompendo esse ciclo.

 

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Imagem: Reprodução / Unsplash

 

Como começar a praticar?

 

Segundo o portal Dhamma, responsável pela divulgação dos ensinamentos de Goenka, a prática da Vipassana é ensinada em cursos de retiro de 10 dias. Porém, os cursos não são cobrados, nem mesmo a estadia e alimentação.

Sendo assim, a estrutura se mantém funcionando graças às doações de pessoas que, após participarem, querem apoiar o projeto.

 

Como funciona um curso de Meditação Vipassana?

 

Os participantes do curso prometem não matar (nem insetos), roubar, praticar atividades sexuais, contar mentiras ou usar intoxicantes durante todo o período.

Além disso, os devem respeitar o nobre silêncio, que é a ausência de comunicação interpessoal por todo o período. Ou seja, pelos 10 dias do curso, não se pode falar com ninguém, usar o celular, fazer gestos, trocar olhares, ler ou escrever.

A ideia é que os participantes realmente mergulhem profundamente em suas próprias sensações.

 

O que se faz no curso?

 

Todos os dias  os participantes acordam bem cedo e meditam por 10h. Sim, isso mesmo, você medita por 10h. O retiro é uma experiência que exige muita entrega. Por isso, a professora diz em sua entrevista que é necessário se encontrar em condições físicas e mentais de acompanhar a prática.

Durante os três primeiros dias do retiro, os participantes praticam uma técnica chamada Anapana. Dessa forma, aprendem a concentrar e acalmar a mente.

A Anapana consiste da observação da sensação que ar traz ao entrar e sair do corpo. Esse é um passo importante para que a mente, que está acostumada a ficar sempre entre o passado e o futuro, comece a aprender a ficar no presente.

Como a respiração é natural, ela é um objeto de observação que não requer nenhum tipo de ação da mente. Ao contrário, por exemplo, das técnicas em que o praticante deve cantar um mantra, ouvir algo ou imaginar um objeto.

Por isso, ela é ideal para nos ensinar a estar no momento presente e assim, desenvolver a calma mental, também chamada de Samadhi.

Assim sendo, a prática de meditação Vipassana só começa no quarto dia do retiro, quando a concentração dos praticantes já está mais treinada.

Nessa fase, a observação das emoções está mais aguda e o praticante consegue perceber quais são os padrões mentais que lhe trazem sofrimento. A professora explica que somente após entendermos que padrões são esses temos como optar por não reagir a eles com sentimentos de desejo e aversão.

No décimo dia, após a última prática de meditação Vipassana, o nobre silêncio tem fim e participantes podem confraternizar e dividir experiências entre as meditações.

 

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Imagem: Reprodução / Pixabay

 

Benefícios da Meditação Vipassana

 

A meditação Vipassana talvez não livre você de todo o seu sofrimento, mas participantes relatam uma maior consciência da realidade e concentração no presente após a experiência.

Dessa forma, a Vipassana, assim como outras técnicas de meditação, pode ajudar algumas pessoas a lidarem com o stress e a ansiedade. Esse, inclusive, talvez seja um dos maiores motivos do sucesso da tradição fundada por S. N. Goenka.

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