Fim do real? Lula quer criar moeda comum na América Latina

Presidente pretende abrir grupo de estudos para criar uma moeda comum, diferente de uma moeda única, para países sul-americanos

No último domingo, dia 22 de janeiro, foi divulgada uma carta conjunta assinada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Alberto Fernández (Argentina). No texto, ambos afirmam que são a favor de iniciar estudos para a criação de uma moeda comum – que é diferente de uma moeda única – não somente entre Brasil e Argentina, mas também entre os demais países da América do Sul.

A repercussão internacional levantou dúvidas, especialmente entre os brasileiros, sobre o que seria uma moeda comum, se ela funcionaria como o Euro entre as nações sul-americanas, e se isso significa o fim do real.

O que é uma moeda comum?

Uma moeda comum não precisa ser considerada a moeda oficial de cada território, visto que ela é considerada como uma unidade monetária usada em diferentes países. Por isso, sua principal função seria realizar transações econômicas entre as nações que a utilizam. No caso, de acordo com a carta divulgada, o proposto pelos presidentes Lula e Fernández é a criação de uma moeda comum.

Já a moeda única funcionaria como o Euro, por exemplo, que é a adotada pela União Europeia (UE) e tida como a oficial em 20 entre os 27 países integrantes da mesma. Justamente por ser a moeda oficial, o Euro pode ser utilizado em transações financeiras sem a necessidade de variações cambiais.

Durante um evento com empresários brasileiros e argentinos ocorrido nesta última segunda-feira, 23, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não existe nenhum projeto de substituição do real, mas sim de estudos para verificar se é viável a criação de uma moeda digital comum que seria usada somente em trocas comerciais. Um dos objetivos seria reduzir a dependência de países da América Latina em relação ao dólar.

“Recebemos dos nossos presidentes uma incumbência de não adotar uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única”, informou Haddad. “O meu antecessor, Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Isso gerou uma enorme confusão, inclusive na imprensa brasileira e internacional.”

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Uma moeda comum seria boa para os países?

Além de ser um possível caminho para diminuir a dependência em relação ao dólar, a adoção de uma moeda comum também poderia dinamizar o comércio entre os países sul-americanos, segundo o ministro Fernando Haddad. “Trata-se de avançarmos nos instrumentos previstos e que não funcionaram a contento, nem pagamento em moeda local e nem os Convênios de Pagamento e Créditos Recíprocos (CCRs) dão hoje uma garantia de que podemos avançar no comércio da maneira como pretendem os presidentes”, declarou.

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Qual é a moeda da Argentina?

Atualmente, a moeda utilizada na Argentina é o peso argentino, conhecido como ARS e representado pelo símbolo $. Nesta terça-feira, 24, ele equivale a 0,028 do real brasileiro. O ARS começou a circular há mais de 20 anos, em 1992. No início, ele sustentava a paridade com o dólar, e esse período ficou conhecido como “el uno a uno” entre os argentinos.

Uma década depois da sua criação, em 2002, a lei que mantinha a paridade foi revogada e o peso argentino passou a ficar desvalorizado, não somente em relação ao dólar, mas também ao real.

Qual é a moeda mais desvalorizada do mundo?

De acordo com levantamento feito pela plataforma Economatica em 2022, comparando moedas de 25 países, a lira turca é a mais desvalorizada em relação ao dólar, seguida do peso argentino e do peso chileno.

A moeda da Turquia começou a cair em 2021, com um dos principais motivos apontados sendo a interferência do presidente turco Recep Tayyip Erdogan sobre a política financeira e monetária do país.

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