Indicadores da inflação entram no radar do mercado na semana

IBGE divulga o IPCA-15, uma prévia da inflação usada pelo BC para sua meta anual, e a FGV mostra o IGP-M, que reajusta alugueis

A preocupação com a inflação não é questão restrita ao Brasil.  Seu retorno mostrando algum vigor começa a incomodar os mercados internacionais. Ela já é vista, pelos especialistas, como uma das principais ameaças à estabilidade econômica global. Mas aqui em especial a  alta de preços vem ficando cada vez mais temerária pelo cenário  de grande desemprego e pela forte queda na renda das famílias.

Não à toa dois índices de preços, com divulgação nesta semana, chamam a atenção. Nesta terça-feira, 25, será conhecido o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado prévia da inflação oficial, calculada pelo IPCA, que será divulgada pelo IBGE no início de junho. Na sexta-feira, 28, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga o IGP-M, ainda em nível que o mercado estima como bastante elevado, que tem como efeito prático mais conhecido seu uso no reajuste de locação residencial.

Em um mundo que conviveu com inflação no chão e juros não raro negativos durante bom tempo, a inflação ressurge em meio ao processo de retomada econômica, sobretudo em países que adotaram medidas consideradas adequadas para o combate à pandemia, e em um ambiente de ampla liquidez, com abundância de recursos injetados pelos seguidos pacotes de estímulo adotados por vários governos.

A inflação que vem de fora

Um cenário fértil para que a inflação ganhe espaço, deixando para trás a temporada de preços deprimidos, em que a China é o exemplo emblemático, no momento. Medidas são adotadas e outras estão em estudo pelas autoridades chinesas para conter a valorização do minério de ferro e do aço, estimulada pela forte demanda local, exportados principalmente pelas empresas brasileiras, como a Vale.

A questão é que a valorização de commodities no exterior reflete na alta dos mesmos produtos e matérias-primas no mercado doméstico, pesando cada vez mais no bolso do consumidor local. A alta do dólar contribui para esse encarecimento, com efeitos negativos sobre a inflação, que segue em trajetória ascendente na variação acumulada dos últimos 12 meses.

A inflação oficial medida pelo IPCA, embora tenha desacelerado para 0,31% em abril, acumula variação de 6,76% em 12 meses, até abril, e os analistas e economistas consultados pelo Banco Central para o boletim Focus projetam um IPCA de 5,24% no ano, pelo boletim divulgado nesta segunda-feira, 24.

Alta dos preços acima das metas do BC

Essa estimativa do mercado está acima da meta inflacionária de 3,75% que o Banco Central definiu para calibrar a taxa básica de juros, a Selic. Também se aproxima cada vez mais do teto do sistema de meta, 1,50 ponto porcentual acima, 5,25% definido para 2021.

O temor do mercado é de que a inflação acima da meta em 2021 acabe contaminando as expectativas para 2022, que pelo último boletim Focus está com uma inflação estimada de 3,61%, comparada a uma meta de 3,50% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o ano que vem.

É de olho no risco inflacionário de 2022 que o Banco Central tem aumentado a Selic, que passou por dois ajustes de 0,75 ponto porcentual cda um desde março e deve ter nova elevação, do mesmo tamanho, na próxima reunião do Copom, em 15 e 16 de junho. A Selic está em 3,50% ao ano.

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