O que esperar da Bolsa de Valores após alta de 6% em março

Valorização, a primeira mensal de 2021, animou analistas, que veem perspectiva positiva também para abril

A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, surpreendeu em março. Uma possível virada era esperada pelos especialistas. Afinal, a B3 vinha de duas quedas consecutivas no ano e uma recuperação, cedo ou tarde, estava no radar. O que chamou mesmo a atenção foi a força da recuperação, cristalizada em uma valorização de 6% no mês e um primeiro lugar no ranking de março.

A primeira alta do ano animou os analistas, que veem uma perspectiva positiva também para abril. Apesar de todo o cenário de incertezas políticas e econômicas que parece sombrear o País.

Especialistas dizem que, não obstante os crescentes ruídos políticos, o mês que começa não projeta notícias econômicas negativas além das que já vêm circulando. Como as que fazem insistentes referências ao risco  fiscal, relacionado a um possível descontrole das contas públicas.

Avaliação comum entre analistas é que o humor do mercado será influenciado diretamente pelo programa de vacinação contra a pandemia do coronavírus. Se o processo de imunização for acelerado, avaliam, aumentariam as possibilidades de uma retomada mais rápida da atividade econômica. Uma perspectiva que favoreceria o mercado de ações.

Um fator que poderia atrair mais compra de ações: papeis vistos como baratos, mesmo com a recuperação em março. Uma visão que não é compartilhada pelo administrador de investimentos Fabio Colombo. Por considerar o quadro de pandemia do coronavírus bastante grave, ele recomenda a venda gradual da carteira após a alta de março.

Para analistas da Toro Investimentos, o cenário deve continuar desafiador. Mas nada que desbanque o otimismo. Em relatório, pontuam que a melhora no ritmo de vacinação, a queda no número de casos de covid e possíveis flexibilizações do lockdown podem trazer otimismo aos investidores.  Estimam que, nessa hipótese, o Ibovespa pode voltar a rondar os 121 mil pontos. Fechou esta quarta-feira, dia 31, aos 116.633 pontos.

Pelo lado externo, a análise da Toro aponta que os movimentos de alta do mercado de ações podem ser renovados pela proximidade de anúncio de novo plano econômico americano. Um pacote que inclui recursos de R$ 2,25 trilhões para investimento em infraestrutura.  O movimento dos treasuries de 10 anos também tende a influenciar porque gera fluxo de capital de curto prazo, que afeta a bolsa de valores.

Os grandes fatores de incerteza no cenário interno, para os especialistas, continuam sendo o risco fiscal, de desarranjo das contas públicas, e a crise política. São questões, contudo, que já vêm passeando no radar de analistas e profissionais do mercado há algum tempo.

Excluindo a instabilidade política, que o mercado parece limitar-se a só monitorar, sem elevar o estresse, boa parcela dos especialistas diz não ver notícias negativas na economia à frente além das já conhecidas. O que pode ser uma boa sinalização para a bolsa de valores em abril.

O que explica a valorização da Bolsa de Valores em março A valorização do mês, ainda que vistosa, foi insuficiente para neutralizar a perda acumulada pela B3 no ano. O balanço do trimestre aponta ainda uma queda de 2,03% em 2021.

A recuperação foi puxada pelas ações de empresas exportadoras de commodities. Vendas ao exterior de matérias-primas como minério de ferro, aço, celulose e proteína animal foram destaque da pauta de exportações. A valorização do dólar ajudou.

A retomada de elevação da taxa básica de juros, a Selic, não chegou a produzir efeito negativo na bolsa de valores. A alta da taxa básica de juros foi vista como ajuste a uma inflação também em elevação, incapaz de trazer ainda a renda fixa a um nível de competição com a bolsa de valores.

Senão por outros motivos porque, mesmo com o avanço da Selic de 2,00% ao ano para 2,75%, os juros que remuneram a renda fixa continuam negativos. A inflação estimada para o ano por analistas e economistas ouvidos para o último relatório Focus está em 4,81%.

A menos que os juros embiquem para patamares mais elevados, os  investidores não se sentirão seduzidos pela renda fixa, acreditam especialistas. A maioria aposta em dias melhores para a bolsa de valores e aposta que março pode ter sido um marco desse possível ciclo.

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