1000 dias com mais perguntas do que respostas: entenda o caso Marielle

Mais de dois depois, o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro ainda segue sem respostas concretas ou um desfecho.

Hoje (8) completaram 1000 dias que a ativista e vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi assassinada junto com seu motorista. O caso, que aconteceu em março de 2018, segue com mais perguntas do que respostas. Até o momento não existe um desfecho completo ou prisão de todos os  envolvidos no crime. Nas redes sociais internautas, ativistas e artistas se manifestaram e pediram por justiça e explicações da autoridades sobre o que aconteceu na noite de 14 de março de 2018.

O crime – Morte de Marielle Franco

Marielle Franco, vereadora do PSOL, foi executada no dia 14 de março do ano de 2018, junto com Anderson Gomes, que dirigia o carro em que estava logo após participar de um evento na Casa das Pretas, no bairro da Lapa, no centro do Rio de Janeiro. O crime aconteceu por volta de 21h 30. No momento, um carro emparelhou-se com o veiculo em que Marielle estava e 14 disparos foram feitos, executando a vereadora e seu motorista.

No carro também estava presente a assessora Fernanda Gonçalves Chaves, que estava no banco de passageiros e sobreviveu.

A morte de Marielle é investigada pela delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro com apoio do Grupo de e Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Quem matou Marielle?

Assassinos de Marielle Franco: Ronnie e Elcio
Assassinos de Marielle (Foto: Reprodução/TV Globo)

Durante as investigações, descobriu-se que o autor dos tiros foi o policial reformado Ronnie Lessa. O assassino morava no condomínio Vivendas da Barra, o mesmo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As investigações, porém, não encontraram conexão nessa coincidência de endereço. Além disso, Lessa já estaria monitorando Marielle muito tempo antes do crime ocorrer, segundo  polícia. Ademais, o policial reformado também já demonstrava ódio às pautas da esquerda, abraçadas pela vereadora. O motorista do carro era Elcio Vieira de Queiroz, um policial expulso da corporação.

Os dois foram presos em março de 2019, dentro da operação Lume, uma força tarefa entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, e da Delegacia de Homicídios (DH) da Polícia Civil da capital.

O conselheiro do TCE do Rio Domingos Brazão é apontado como mandante.

Quem mandou matar Marielle Franco?

Ainda que os dois criminosos tenham sido presos, a pergunta que fica é quem mandou matar Marielle Franco. Embora as investigações sigam por mais de dois anos, ainda não há resposta clara para tal questionamento. Não se sabe quem foi o mandante do crime e também não se sabe o motivo concreto. O Ministério Público acredita que a motivação tenha sido por conta de divergências políticas, os mandantes e assassinos não concordariam com as pautas que a ativista defendia e por isso teriam a executado. Esse seria um motivo torpe, contudo, ainda não se pode afirmar concretamente essa informação. A polícia do Rio afirma que segue com a investigação do assassinato da vereadora como uma de suas principais pautas.

1000 dias sem justiça – Manifestações

Manifestação
Foto: Flickr/Bernardo G.

Após o assassinato da vereadora, grande parte dos ativistas brasileiros se manifestou em busca de justiça por Marielle. Hoje 1000 dias depois do crime, as manifestações continuam e até aumentam. Os protestos são feitos fisicamente, com as pessoas indo as ruas para se manifestar ou virtualmente, com internautas cobrando explicações via redes sociais e subindo a hashtag #1000DiasSemMarielle. A irmã de Marielle também se pronunciou no Twitter hoje. Confira algumas manifestações feitas hoje e nos outros anos.

Quem era e o que defendia Marielle Franco?

Marielle Franco
Foto: Divulgação

Marielle Franco, nascida em 1979 foi criada na favela Maré do Rio de Janeiro era vereadora pelo PSOL. Mulher negra e lésbica, Marielle defendia o feminismo, os direitos humanos, e criticava a intervenção federal no Rio de Janeiro e a Polícia Militar, tendo denunciado vários casos de abuso de autoridade por parte de policiais contra moradores de comunidades da capital carioca.

Em 2002, ingressou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, graduando-se em Ciências Sociais com uma bolsa de estudos integral obtida pelo Programa Universidade para Todos (Prouni). Após se graduar em Ciências Sociais, concluiu um mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Carreira política

Desde cedo Marielle militava por causas politicas e sociais. Em 2006 trabalhou como parte da equipe de campanha de Marcelo Freixo (PSOL). Após a posse de Freixo, Marielle foi nomeada assessora parlamentar do deputado, trabalhando com ele por dez anos. Franco assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Em sua primeira candidatura, conseguiu mais de 46 mil votos, foi a quinta candidata mais votada no município e a segunda mulher mais votada ao cargo de vereadora em todo o país, atrás apenas de Rosa Fernandes. Após ser eleita, na Câmara Municipal, presidiu a Comissão de Defesa da Mulher e integrou uma comissão composta por quatro pessoas.

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