Afinal, qual o motivo da paralisação dos caminhoneiros em 2021?
Nesta semana, profissionais do transporte em partes do Brasil fecharam rodovias, em apoio ao presidente e contrários ao STF
Caminhoneiros realizam desde o dia 8 de setembro paralisações em trechos de rodovias no país. Em 2018, quando pararam pela primeira vez, a categoria reclamava do preço do diesel e pediam tabelamento do frete. Mas qual o motivo da paralisação dos caminhoneiros em 2021?
Qual o motivo da paralisação dos caminhoneiros?
Desta vez, a paralisação dos caminhoneiros segue a manifestação do dia 7 de setembro, contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e pró-Bolsonaro.
Segundo nota publicada pelo Ministério da Infraestrutura, foram registradas manifestações na quinta-feira, dia 9, em 15 estados brasileiros. São eles, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia, Maranhão, Roraima, Pernambuco e Pará. Além disso, São Paulo e Mato Grosso do Sul também registraram atos.
A pasta também informou que ao menos 110 bloqueios ou focos de protesto foram registrados. No entanto, esse número reduziu nas horas seguintes.
Em geral, os manifestantes afirmam que cobram a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), taxa cobrada pelos estados, que impacta no preço final dos combustíveis. Além disso, alguns questionam a confiabilidade das urnas eletrônicas, e pedem pelo voto impresso.
Por fim, para entender qual o motivo da paralisação dos caminhoneiros, outra pauta muito importante para esses grupos é a exigência que ministros do STF renunciem ao cargo. Nesse caso, as justificativas são de que os membros do judiciário têm tomado decisões inconstitucionais.
Vale lembrar que, no início de agosto, o deputado Roberto Jefferson (PSL) foi preso preventivamente, a mando do ministro Alexandre de Moraes, sob alegação de que ele estava envolvido em crimes eleitorais e manifestações que promoviam o ódio. Além disso, a reclamação dos protestantes é de que as decisões de exoneração do ex-ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, foram equivocadas.
O movimento gerou preocupação pois, em 2018, o Brasil parou por cerca de 10 dias. Naquele momento, caminhoneiros e empresários protestavam por causa da alta dos combustíveis, e tinham apoio declarado de Bolsonaro, até então, candidato à presidência, pelo PSL.
Áudio de Bolsonaro a caminhoneiros
O presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), pediu pelo fim dos bloqueios em rodovias, em áudio divulgado em grupos bolsonaristas nas redes sociais. Contudo, muitos apoiadores questionaram a veracidade da declaração, cuja veracidade foi confirmada pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
"Caminhoneiros são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham nossa economia. Provocando desabastecimento, inflação. Prejudica todo mundo", disse. "Se possível, liberar para a gente seguir a normalidade", pediu Bolsonaro. Caminhoneiros fecharam algumas estradas pelo Brasil, e muitos ficaram nos arredores da Esplanada dos Ministérios. Alguns chegaram a acreditar que o presidente havia decretado estado de sítio.
Escute o áudio de Bolsonaro:
Contrários a paralisação
Ainda que lideranças bolsonaristas encabecem boa parte do movimento, alguns manifestantes alegam que são autônomos. Contudo, nem todos os profissionais de transporte rodoviário estão de acordo com essas medidas.
Em Mato Grosso do Sul, o Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística (Setlog), afirma que a categoria não tem participação no protesto.
No estado de Goiás, o presidente do Sindicatos dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac), Vantuir Rodrigues, assegurou ao portal Metrópoles, que o movimento não é encabeçado pela categoria. “Essa manifestação não é dos caminhoneiros, essa manifestação é do agronegócio, que está usando o nome dos caminhoneiros”, afirmou.
No interior paulista, o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Campinas e Região (Sindicamp) declarou, por meio de nota, que os atos causavam prejuízos à categoria, ao consumidor e à entrega de produtos de primeira necessidade, tais como alimentos ou medicamentos, por exemplo. Também foi dito que o bloqueio afetaria os "ambientes políticos e econômicos, trazendo diversos impactos negativos ao nosso setor e toda a sociedade”.
Em Brasília, lideranças queriam pedir o impeachment de ministros, por meio de documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Em vídeo que circula pela internet, o presidente da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), Francisco Burgardt, também conhecido como Chicão Caminhoneiro, se posicionou contrário ao STF. "O povo brasileiro não aguenta mais esse momento que o País está atravessando, através da forma impositiva com que o STF vem se posicionando”.