Como funciona a vacina da da Janssen, da Johnson & Johnson

Fabricada pela Johnson & Johnson, a vacina da Janssen se provou eficaz em 66% em casos moderados e graves. Anticorpos neutralizantes do novo coronavírus foram detectados em maios de 90% dos voluntários.

Em meio ao processo de vacinação contra a Covid-19 em diversos países, mais uma opção de imunizante ficará disponível, se depender da Johnson & Johnson. A empresa anunciou nesta sexta-feira, dia 29 de janeiro, que após fases de testes, a sua vacina da Janssen garante eficácia para os casos mais graves e moderados, e pode ser aplicada em uma única dose, diferente das demais.

Dados sobre a vacina da Janssen

Holanda inicia campanha de vacinação
Imagem: reprodução q pexels

No dia 13 de janeiro, a revista científica New England Journal of Medicine publicou um artigo sobre a vacina da Janssen fabricada pela J&J e constatou que após uma única dose, anticorpos neutralizantes do novo coronavírus foram detectados em mais de 90% dos participantes que participaram do estudo no dia 29 (após a aplicação), e em 100% dos participantes do 57º dia.

Uma prévia de tais números foram publicados no portal MedRxiv ainda em setembro de 2020. Esse foi o "combustível" que a empresa precisou para dar continuidade no estudo global que chegou na fase 3. O anúncio da eficácia aconteceu após os resultados dos ensaios clínicos da fase 3 do imunizante, que foram conduzidos simultaneamente em diversos países, incluindo o próprio Brasil.

Em nota, a fabricante afirmou que a taxa de eficácia da vacina da Janssen chegou a 66% em casos moderados e graves. Considerando somente os casos de risco, a taxa atingiu 85%. As porcentagens foram comprovadas após 28 dias da aplicação da vacina. Ainda de acordo com a J&J, nenhum dos participantes contraiu o vírus após 49  dias dos testes, também nenhum deles foram hospitalizados ou vieram a óbito após a vacinação. Os estudos tiveram a contribuição de 43.783 voluntários de oito países.

Do que é feita a vacina?

Segundo a própria Janssen, empresa laboratorial da J&J, a vacina é baseada em vetores de adenovírus sorotipo 26 (Ad26). Os adenovírus são um tipo de vírus que causam o resfriado comum, portanto, são "bons transportadores" em seres humanos. Ao serem modificados para desenvolver a vacina, eles não se replicam e não causam resfriado.

Outra composição presente na vacina da Janssen é o próprio código genético da SARS-COV-2. Ele possui em sua superfície externa uma espécie de coroa, formada pelos chamados “Spikes”, responsáveis pela ligação do vírus às células do corpo humano. Sabendo disso, um material genético da proteína “S”, presente nas Spikes, foi colocado no adenovírus (transportador).

"Quando a pessoa recebe a vacina composta do adenovírus não replicante que carrega a informação genética do novo coronavírus, o corpo inicia um processo de defesa e produz anticorpos contra aquele invasor", informou o portal de Pesquisa & Desenvolvimento do laboratório. Em outras palavras, a composição do imunizante conta a"memória imunológica" presente no corpo de todo indivíduo que é capaz de combater o vírus da Covid-19.

Qual é a diferença em comparação aos outros imunizantes?

Butantan oficializa uso emergencial da coronavac à anvisa
(foto: governo de sp)

Além de ser aplicada em uma única dose – algo que pode ser considerado como uma "vantagem" em relação a agilidade do processo de vacinação contra a doença –, os imunizantes presentes na composição da vacina da Janssen diferem das demais. As vacinas Moderna e Pfizer usam o rnaM (RNA mensageiro). Já o da CoronaVac usa o vírus inativo. Enquanto a vacina de Oxford utiliza uma tecnologia de vetor viral recombinante, produzida a partir de uma versão enfraquecida do vírus.

Um ponto positivo do imunizante produzido pela J&J, em comparação às vacinas da Pfizer e da Moderna, é o seu armazenamento. A vacina da Janssen pode ser refrigerada em geladeiras comuns, em temperaturas de 2˚C até 8˚C.

Vacina da Janssen no Brasil

No dia 18 de agosto de 2020, a Anvisa aprovou a realização dos estudos clínicos da vacina da Janssen no Brasil. Cerca de 7.000 voluntários brasileiros participaram das fases de teste. Em janeiro de 2021, a Anvisa concedeu um certificado de boas práticas de fabricação à companhia da J&J.  Ao todo, 28 centros de pesquisa participaram da fase 3 do estudo no Brasil, distribuídos em 11 estados. Outros países da América do Sul também participaram dos testes entre eles a Argentina, Chile, Colômbia e Peru.

Em relação à compra da vacina, por enquanto nada foi dito pelo governo brasileiro.

Uso emergencial da vacina da Janssen

Segundo informou a Folha de S. Paulo, a J&J  pretende enviar um pedido de aprovação para uso emergencial à FDA (agência norte-americana que regulamenta medicamentos) até pelo menos a próxima semana. Caso aprovado, a vacina estaria disponível para uso nos Estados Unidos até o fim do mês de fevereiro.

O governo americano, agora liderado pelo democrata Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, já afirmou que tem pressa em vacinar a população. Isso porque os números de casos da doença e das mortes são altíssimos. O país já ultrapassou 430 mil mortes causadas pelo novo coronavírus. Biden já tomou duas doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19.

Joe biden é vacinado
Joe biden é vacinado (imagem: reprodução / getty images)

Novas variantes

Novas mutações do coronavírus estão preocupando cientistas ao redor do mundo. Até agora, as mais preocupantes foram encontradas no Reino Unido, Brasil e África do Sul.  Ainda não há comprovação de que o vírus esteja mais forte ou cause uma versão mais grave da doença, mas, no entanto, cientista dizem que as trocas genéticas afetaram a maneira como o vírus se fixa nas células humanas, cerca de 56%  a 74% a mais nesse contágio.

A princípio, a nova variante da Covid-19 encontrada na África do Sul sofreu uma mutação muito maior que a variante no Reino Unido. Batizada de B.1.1.7, a mutação vinda da terra da rainha já registrada em pelo menos outros 17 países. Em Londres, por exemplo, a mutação já é responsável por 60% das infecções pela doença.

Uma especialista em vacinas da Universidade de Wits, Helen Rees, disse que a preocupação com as mutações na África do Sul deve aumentar a pressão global por um rápido lançamento de vacinas em todo o mundo. E, não apenas nas nações mais ricas.

No Brasil, a nova cepa foi encontrada Manaus, e reinfectou uma paciente de 30 anos. De acordo com a Fiocruz do Amazonas, a evolução partiu de uma linhagem que circulava no estado do Amazonas desde abril de 2020, mas uma rápida taxa de mutação foi detectada entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

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